Frankensteins*
* Hoje no Jornal do Centro
O think tank LEAP - Laboratório Europeu de Antecipação Política acaba de publicar um texto merecedor de muita atenção intitulado “Geopolítica das religiões: 2020, o choque dos monstros de Frankenstein”.
É que o recente sucesso político dos evangélicos no Brasil, a oitava economia mundial, está longe de ser um fenómeno isolado. Eles já controlam parte dos eleitos nos Estados Unidos da América e estão a alastrar em força em África (especialmente os pentecostalistas).
A igreja católica brasileira ainda é a maior do mundo mas está a perder para os evangélicos meio milhão de fiéis por ano: no virar do milénio, representava 73,6% da população, agora, menos de 50%. Moisés Naím, em O fim do poder, explica esta hemorragia: “as ovelhas não foram roubadas. As ovelhas já não são ovelhas: são consumidoras e encontraram um produto melhor no mercado da salvação.”
Os evangélicos têm algumas regras e valores comuns e o seu sucesso advém-lhes da extrema agilidade com que se podem organizar, já que não têm de prestar contas a nenhuma “hierarquia pré-existente”, nem “lições a receber, instruções a esperar ou ordenações a obter do Vaticano, do Arcebispo de Cantuária ou de qualquer outra autoridade central.”
Entretanto, lembra o texto do LEAP, não são só eles a causarem sarilhos com as suas actividades não-espirituais: hindus extremistas perseguem diariamente cristãos e muçulmanos na Índia, budistas radicais cometem atrocidades contra os rohingya na Birmânia, o bolso sem fundo saudita financia o Daesh, a Al-Qaeda, o Boko Haram, os bolsos menos recheados iranianos pagam outro mostrengo, o Hezbollah, integristas judeus colonizam territórios palestinianos, a lista de horrores não tem fim.
Alguns destes frankensteins foram criados por serviços secretos mas escaparam ao controlo dos seus criadores. Misturam identitarismos religiosos, nacionalistas e étnicos e são um evidente perigo para estes tempos fascinantes que estamos a viver.
O think tank LEAP - Laboratório Europeu de Antecipação Política acaba de publicar um texto merecedor de muita atenção intitulado “Geopolítica das religiões: 2020, o choque dos monstros de Frankenstein”.
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A igreja católica brasileira ainda é a maior do mundo mas está a perder para os evangélicos meio milhão de fiéis por ano: no virar do milénio, representava 73,6% da população, agora, menos de 50%. Moisés Naím, em O fim do poder, explica esta hemorragia: “as ovelhas não foram roubadas. As ovelhas já não são ovelhas: são consumidoras e encontraram um produto melhor no mercado da salvação.”
Os evangélicos têm algumas regras e valores comuns e o seu sucesso advém-lhes da extrema agilidade com que se podem organizar, já que não têm de prestar contas a nenhuma “hierarquia pré-existente”, nem “lições a receber, instruções a esperar ou ordenações a obter do Vaticano, do Arcebispo de Cantuária ou de qualquer outra autoridade central.”
Entretanto, lembra o texto do LEAP, não são só eles a causarem sarilhos com as suas actividades não-espirituais: hindus extremistas perseguem diariamente cristãos e muçulmanos na Índia, budistas radicais cometem atrocidades contra os rohingya na Birmânia, o bolso sem fundo saudita financia o Daesh, a Al-Qaeda, o Boko Haram, os bolsos menos recheados iranianos pagam outro mostrengo, o Hezbollah, integristas judeus colonizam territórios palestinianos, a lista de horrores não tem fim.
Alguns destes frankensteins foram criados por serviços secretos mas escaparam ao controlo dos seus criadores. Misturam identitarismos religiosos, nacionalistas e étnicos e são um evidente perigo para estes tempos fascinantes que estamos a viver.
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