Dos anos setenta
Voltar aos anos setenta como se fosse possível essa melodia lenta transpor às cegas o nível da realidade obtusa do dia morno que passa e escutar a semifusa dessa década tão baça que em ti se prolonga hoje à medida de ninguém febre que agora te foge primavera que não vem Ano de setenta e dois o teu irmão a morrer breve despiste e depois cada dia outro dever outra missão a cumprir em secretos rituais a vida inteira em devir menos por menos dá mais Ano de setenta e quatro com revolução em abril e todo um novo teatro no teu drama juvenil em anos adolescentes soturnos introvertidos Já não sabes o que sentes fantasma de tempos idos sombra a passar num só flash filme que já não existe por onde quer que hoje vás tens razões para ser triste Anos setenta talvez à espera do infinito silhuetas que mal vês agitadas em conflito Tudo era esquerda ou direita em conspirações de bares e na noite mais suspeita movimentos militares Copos fumos atmosferas o Botequim o Procópio e tu sem saber quem eras cora