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Fotografia Olho de Gato |
sexta-feira, 31 de março de 2023
Precipício
quinta-feira, 30 de março de 2023
Mozart é um gajo do caneco
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Retrato de Mozart aos 13 anos Imagem daqui |
quarta-feira, 29 de março de 2023
terça-feira, 28 de março de 2023
Uma Europa pós-nacional*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 28 de Março de 2013
1. O trabalho de Angela Merkel é tratar dos interesses dos alemães respeitando a constituição alemã. Quanto mais o dr. Soares disser mal da “senhora Merkel” (é assim que ele a chama), melhor ela estará a fazer o seu trabalho. A chanceler alemã não tem feito mais do que o seu dever.
2. Isolado, nenhum país europeu tem a escala dos Estados Unidos, da China, da Rússia, da Índia, do Brasil, da Indonésia. Em 2025, nem tão pouco a Alemanha terá assento no G8. Já a União Europeia é o maior bloco económico do mundo e tem uma moeda que, apesar de tudo, se mantém forte e confiável nos mercados.
3. Os problemas da globalização não podem ser resolvidos à escala nacional. As lavandarias cipriotas põem em risco poupanças inglesas, o ladrilho espanhol abana bancos alemães, um ataque da Al-Qaeda na Argélia torna os nossos banhos mais caros.
4. Daniel Cohn-Bendit e Guy Verhofstadt, no seu recente “Manifesto por uma Revolução Pós-Nacional na Europa”, defendem que as eleições para o parlamento europeu de 2014 devem ser constituintes, devem ser fornecedoras de legitimidade para a redacção de uma constituição europeia que rompa com a eurocracia e permita um governo europeu.
5. A “Europa” precisa de um governo europeu democrático, eleito directamente pelos europeus, e que responda perante eles como Angela Merkel responde perante os alemães. Se for para isso, valerá a pena eleger deputados europeus em 2014. Se for para dar umas veniagas a “Correias-de-Campos” fora do prazo de validade, não vale a pena.
segunda-feira, 27 de março de 2023
Estou só, nas zonas das metáforas
domingo, 26 de março de 2023
sábado, 25 de março de 2023
Cadê ele?*
* No Jornal do Centro aqui
Depois de anos e anos de promessas políticas nunca cumpridas, vão finalmente abrir as novas urgências do Hospital de Viseu, com instalações remodeladas e ampliadas, capazes de dar resposta a 400 doentes por dia, o que, pelo menos para já, dá alguma folga, já que a afluência média tem sido de 250.
As novas urgências abrem tarde, muito tarde. Mas, já se sabe, vale mais tarde do que nunca.
Esta coluna não se esquece de que, há seis anos, em 2017, o governo pôs a concurso estas muito esperadas obras de ampliação já com financiamento europeu assegurado, mas o ministro Mário Centeno preferiu cativar a ninharia de um milhão de euros da comparticipação nacional e a obra não avançou. Ninharia, sim: como na altura fiz notar aqui, no Olho de Gato, só em aluguer de tendas para a WebSummit, Lisboa gastava cinco vezes isso por ano.
As novas urgências abrem tarde, muito tarde. Durante anos e anos, houve muito sofrimento desnecessário de doentes e profissionais numas instalações cada vez mais degradadas. Mas, já se sabe, vale mais tarde do que nunca. Chega ao fim esta longa luta dos viseenses, luta com muitos episódios, de que recordo uma manifestação, em Janeiro de 2020, organizada pela Liga de Amigos e Voluntariado do Centro Hospitalar Tondela Viseu e onde discursou o malogrado António Almeida Henriques.
Para além da manif, houve também uma petição pública com milhares de assinaturas a reivindicar duas obras: esta ampliação das Urgências e a construção do Centro Oncológico de Viseu.
Resolvida a primeira, há que perguntar agora pelas segunda: cadê o Centro Oncológico? Cadê?
É bom refrescarmos a memória: o Centro Oncológico de Viseu foi-nos prometido num acto oficial, em 2017, no Hospital de S. Teotónio. O então secretário de estado da saúde, Manuel Delgado, ao lado de vários VIPs locais e em cima de um estrado vermelho, ...
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Viseu, 6 de Maio de 2017 Fotografia Jornal do Centro (editada) |
... jurou, a eles e a nós, que aquela obra ia avançar. Naquele cerimonioso dia, até foi lá prantada uma placa com este peremptório dizer: “Aqui vai ser instalado o Centro Oncológico”.
Passaram seis longos anos. Cadê ele? A placa ainda é capaz de lá estar. Mas mais nada. Niente. Nothing. Nichts. Rien.
Excelentíssimo senhor ministro Manuel Pizarro, ontem já era tarde para o Centro Oncológico de Viseu.
sexta-feira, 24 de março de 2023
Recado
ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tua morte
vai até onde ninguém te possa falar
ou reconhecer — vai por esse campo
de crateras extintas — vai por essa porta
de água tão vasta quanto a noite
deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te
e as loucas aveias que o ácido enferrujou
erguerem-se na vertigem do voo — deixa
que o outono traga os pássaros e as abelhas
para pernoitarem na doçura
do teu breve coração — ouve-me
que o dia te seja limpo
e para lá da pele constrói o arco de sal
a morada eterna — o mar por onde fugirá
o etéreo visitante desta noite
não esqueças o navio carregado de lumes
de desejos em poeira — não esqueças o ouro
o marfim — os sessenta comprimidos letais
ao pequeno-almoço
quinta-feira, 23 de março de 2023
E o meu coração já não bate
quarta-feira, 22 de março de 2023
Xota de Lira
terça-feira, 21 de março de 2023
Barroso*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 21 de março de 2013
1. Foi há dez anos, em 16 de Março de 2003, que Bush, Blair, Aznar e Barroso fizeram a Cimeira das Lajes. Três dias depois começou a guerra do Iraque, um erro estratégico que tirou força ao ocidente, um erro moral que devia levar o sr. Blair e o sr. Bush ao banco dos réus.
Dos quatro figurões das Lajes, já só Barroso é que está no activo. Aquele dia foi uma tragédia para o mundo mas foi um jackpot para ele que, a seguir, foi colocado por Tony Blair (essa nefasta criatura) a presidir à “Europa”.
Já se pode fazer um balanço da qualidade do trabalho de Durão Barroso em Bruxelas: com ele, as instituições comunitárias apagaram-se e os estados grandes aproveitaram aquele apagamento para prevaleceram sobre os pequenos. Isto é: a União Europeia andou para trás.
Ultimamente, Durão Barroso tem falado muito de Portugal e isso é sinal que o servidor de cafés nas Lajes quer ir viver para o Palácio de Belém em 2016 (isto se Cavaco não resignar antes). Ora, Barroso foi um mau primeiro-ministro, é um mau presidente da “Europa” e será um mau presidente da república.
Para que tal não aconteça, era bom que a esquerda não desse os mesmos tiros nos pés que deu com o alegrismo, essa invenção de Carlos César e Francisco Louçã que valeu menos de 20% dos votos.
2. O recente “Manifesto pela Democratização do Regime” merece leitura atenta. Propõe primárias abertas nos partidos para todos os cargos políticos, votações em nomes e não em listas e transparência nos dinheiros das campanhas.
Entre os cinco autores do texto, um homem pouco conhecido mas admirável: Ventura Leite, ex-deputado socialista, afastado em 2009 pelo socratismo por causa das suas posições anti-corrupção.
Este manifesto foi muito mediatizado mas é estéril: os actuais cinco partidos só mexem a sério neste pântano político quando virem o eleitorado a fugir para partidos novos.
segunda-feira, 20 de março de 2023
Apagaram-se as luzes. É a primavera cercada pelas vozes
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Fotografia Olho de Gato |