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terça-feira, 24 de maio de 2022
Três meses de barbárie — Slava Ukraini!
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Blues for a cat
segunda-feira, 23 de maio de 2022
Não adianta estar no mais alto degrau da fama com a moral toda enterrada na lama
domingo, 22 de maio de 2022
sábado, 21 de maio de 2022
Lei de Godwin
* No Jornal do Centro — aqui
1. Foi já no longínquo ano de 1990 que o advogado Mike Godwin cunhou a seguinte lei da internet: “À medida que cresce uma discussão online, a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo Adolf Hitler ou nazismo aproxima-se de um (100%).”
Deva-se acrescentar que, nos primeiros chats de discussão da internet e nos primórdios das redes sociais, era tudo menos bom ser apanhado a tropeçar na “lei de Godwin”, também conhecida como “lei das analogias nazis”. Quando alguém argumentava com um “ad-hitlerum”...
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... era como se tivesse atirado ao chão para um combate na lama — tinha perdido a discussão.
2. Ora, a partir de 2014, as coisas começaram a mudar. Fazer uma analogia nazi deixou de ser uma ferramenta de perdedores e o responsável disso foi o guru da comunicação de Putin, um génio chamado Vladislav Surkov.
Quando, na revolução de Maidan, a Ucrânia se decidiu aproximar do Ocidente e correr com Viktor Yanukovych, um pau-mandado dos russos, todas as plataformas comunicacionais do Kremlin passaram a espalhar o algoritmo “ucranianos = nazis”.
Isto é, passaram a usar a lei de Godwin e com sucesso. Apesar daquele carimbo ser uma mentirola flagrante — nas últimas legislativas, a Ucrânia só elegeu um deputado de extrema-direita num total de 450 —, essa mancha sobre aquele martirizado país espalhou-se no mundo e teve muito impacto nas direitas e nas esquerdas soberanistas do ocidente: veja-se o caso do partido de Marine Le Pen ou do nosso PCP, que Jerónimo de Sousa e os seus rapazes estão a transformar num repulsivo PZP.
3. Entretanto, a água correu debaixo das pontes do rio Dniepre durante oito anos e, como o cada vez mais sozinho Putin despediu Surkov, agora já não há ninguém capaz de refrescar a retórica russa. Aquilo, por lá, ficou parado no tempo. Aquela conversa tosca do “nazi-nazi-nazi” já não se fica só pelo país invadido e é aplicada a tudo o que mexe:
— “suecos nazis”, prantam eles em cartazes nas ruas de Moscovo;
— “a seguir à Ucrânia vamos desnazificar a Polónia”, ameaçam na televisão em horário nobre.
Em 2014, a Rússia venceu a batalha da comunicação. Agora, em 2022, é a Ucrânia que a está a ganhar.
sexta-feira, 20 de maio de 2022
O do amor
quinta-feira, 19 de maio de 2022
Quem viu morrer Catarina não perdoa a quem matou
Catarina Eufémia
Assassinada no Monte do Olival, em Baleizão,
em 19 de Maio de 1954
O primeiro tema da reflexão grega é a justiça
E eu penso nesse instante em que ficaste exposta
Estavas grávida porém não recuaste
Porque a tua lição é esta: fazer frente
Pois não deste homem por ti
E não ficaste em casa a cozinhar intrigas
Segundo o antiquíssimo método oblíquo das mulheres
Nem usaste de manobra ou de calúnia
E não serviste apenas para chorar os mortos
Tinha chegado o tempo
Em que era preciso que alguém não recuasse
E a terra bebeu um sangue duas vezes puro
Porque eras a mulher e não somente a fêmea
Eras a inocência frontal que não recua
Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro no instante em que morreste
E a busca da justiça continua
Sophia de Mello Breyner Andresen
quarta-feira, 18 de maio de 2022
Merkollande*
* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 18 de Maio de 2012
1. François Hollande foi eleito a 6 e tomou posse a 15 de Maio. Cá, no ano passado, Cavaco Silva foi eleito a 23 de Janeiro e tomou posse a 9 de Março. Em França, 9 dias; em Portugal, 45. A terceira república portuguesa é muito mais nova do que a quinta república francesa mas está com um grau muito mais avançado de esclerose.
O sistema político português tem prazos gongóricos que eternizam situações de bloqueio e de pântano, não permite várias eleições ou eleições e referendos no mesmo dia, é cada vez menos representativo, o voto em listas fechadas faz com que, no meio delas, sejam eleitas criaturas a quem nem os próprios vizinhos confiavam o condomínio.
Caros António José Seguro e Pedro Passos Coelho, é agora o tempo de reformar a terceira república. É que pode não haver outra oportunidade — é muito provável que, nas próximas eleições, o bloco central deixe de ter os dois terços necessários para uma revisão constitucional.
Podia-se começar, para já, pelas autarquias: há que acabar com os chamados “vereadores da oposição” — o trabalho mais absurdo da democracia portuguesa; há que acabar com o voto dos presidentes das juntas nas assembleias municipais; e há que transformar estas em verdadeiros órgãos de fiscalização do executivo municipal.
2. A eleição de Hollande não alterou nada de significativo. O novo presidente regressa ao gaullismo/miterrandismo, ao tradicional nariz empinado da política externa francesa, deixando de ser seguidista dos Estados Unidos como foi Sarko. Isso vai agradar aos BRICs, mas não vai fazer com que os países emergentes se tornem nem mais nem menos generosos ou complacentes com a dívida da “Europa”.
No exacto dia em que tomou posse, o senhor Hollande lá foi, rápido como um raio, à senhora Merkel.
Adieu, Merkozy!
Bienvenue, Merkollande!