O senhor Olson*

* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 28 de Novembro de 2008

1. Em 2001, a minha candidatura à câmara de Viseu não conseguiu arranjar dinheiro para contratar um “escritor fantasma”. Tive que ser eu a escrever os meus discursos.

[Glup! Lembrei-me agora do que aconteceu à líder do PSD... Atenção! Este ponto do Olho de Gato é só uma pequena ironia…]


2. Em Setembro de 2001, fiz uma intervenção numa iniciativa da JS. Eis um pequeníssimo excerto do que disse então aos jovens socialistas:

“Vou falar-vos duma teoria de um senhor chamado Olson. Ele afirma que as grandes organizações sociais, como os partidos políticos e os sindicatos, têm baixas taxas de filiação porque os seus serviços beneficiam igualmente todos, independentemente da participação de cada um.

A participação de cada um nas decisões sobre a produção destes serviços é muito baixa, muito diluída, e o custo dessa participação é elevado.”

Depois o meu discurso deu umas voltas até chegar ao algoritmo: esperança = desejo + tempo.

3. A Federação de Viseu da JS apresentou, no último congresso distrital do PS, uma moção onde descreve as razões do desencanto dos cidadãos com os políticos e apresenta boas propostas para sintonizar a política com a sociedade. Destaco três: 
(i) não à mistura entre a política e os negócios; 
(ii) não à acumulação de candidaturas em eleições locais e nacionais; 
(iii) primárias no partido para escolha de candidatos às câmaras e ao parlamento.

As ideias da JS enfureceram os carreiristas do partido. Não faz mal. São boas ideias. Hão-de fazer o seu caminho.

A JS-Viseu e a sua líder distrital, Patrícia Monteiro, estão a pagar todos os “custos de participação” na política e não querem saber da teoria do senhor Olson para nada. Haja esperança…

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