A comprativa*
* Hoje no Jornal do Centro
1. No documentário sobre a ocupação durante a reforma agrária da “Torre Bela”, uma das maiores herdades do país, há um diálogo célebre em que o líder tenta convencer um trabalhador que a sua enxada já não é mais dele mas da cooperativa.
Enxuto de carnes e desconfiado, o Zé Quelhas teima: «a farramenta é minha, não é da comprativa»; e prevê: «daqui a nada também o que eu visto e o que eu calço é da comprativa (…) e eu fico nu.»
Karl Marx não percebeu a natureza humana tão bem como o Zé Quelhas.
2. A multiplicação de eventos borliantes, promovidos directa ou indirectamente pelo município de Viseu, descura a medida do impacto dos mesmos e do retorno dos dinheiros públicos envolvidos. Impede também que se gere um mercado, com público habituado a pagar o seu bilhete.
Há que criar esse hábito até porque o concelho tem já muitas pessoas a trabalharem na cultura e que precisam que ela tenha sustentabilidade.
Dessa pecha não pode ser acusada a exemplar “comprativa” Acrítica/Carmo'81. Está a realizar o multidisciplinar e desafiante “Solos & Solidão”, dedicado em Junho ao teatro. Este fim-de-semana leva ao palco, no Carmo'81 (sete euros) e em Mundão (quatro euros), “Um esqueleto de baleia na casa dos avós”, de Leonor Keil, Rui Catalão, Bruno Pernadas e Cristóvão Cunha.
3. Tramitado o concurso “Viseu Cultura'2018”, deixo duas sugestões de aperfeiçoamento ao vereador da cultura Jorge Sobrado:
— promova só mais um concurso trienal que abranja o resto deste mandato autárquico (2019, 2020, 2021), com calendário decisional até ao fim deste ano;
— reserve os bons milhares de euros que poupa ao fazer este três-em-um para aplicar em projectos que entenda responderem ao interesse público; um eleito não precisa de se esconder atrás de um júri; não repita a tosquice deste ano em que pertenceu a um júri que atribuiu 17 valores, numa escala de 0 a 20, no critério “histórico do promotor”, a um que tinha... dias de existência.
1. No documentário sobre a ocupação durante a reforma agrária da “Torre Bela”, uma das maiores herdades do país, há um diálogo célebre em que o líder tenta convencer um trabalhador que a sua enxada já não é mais dele mas da cooperativa.
Enxuto de carnes e desconfiado, o Zé Quelhas teima: «a farramenta é minha, não é da comprativa»; e prevê: «daqui a nada também o que eu visto e o que eu calço é da comprativa (…) e eu fico nu.»
Karl Marx não percebeu a natureza humana tão bem como o Zé Quelhas.
2. A multiplicação de eventos borliantes, promovidos directa ou indirectamente pelo município de Viseu, descura a medida do impacto dos mesmos e do retorno dos dinheiros públicos envolvidos. Impede também que se gere um mercado, com público habituado a pagar o seu bilhete.
Há que criar esse hábito até porque o concelho tem já muitas pessoas a trabalharem na cultura e que precisam que ela tenha sustentabilidade.
Dessa pecha não pode ser acusada a exemplar “comprativa” Acrítica/Carmo'81. Está a realizar o multidisciplinar e desafiante “Solos & Solidão”, dedicado em Junho ao teatro. Este fim-de-semana leva ao palco, no Carmo'81 (sete euros) e em Mundão (quatro euros), “Um esqueleto de baleia na casa dos avós”, de Leonor Keil, Rui Catalão, Bruno Pernadas e Cristóvão Cunha.
Editada a partir daqui |
— promova só mais um concurso trienal que abranja o resto deste mandato autárquico (2019, 2020, 2021), com calendário decisional até ao fim deste ano;
— reserve os bons milhares de euros que poupa ao fazer este três-em-um para aplicar em projectos que entenda responderem ao interesse público; um eleito não precisa de se esconder atrás de um júri; não repita a tosquice deste ano em que pertenceu a um júri que atribuiu 17 valores, numa escala de 0 a 20, no critério “histórico do promotor”, a um que tinha... dias de existência.
“There's a starman waiting in the sky”.
ResponderEliminarEstamos a criar uma Viseu tipo parque de diversões?
É pá, deslarguem-me! Chegou o Prometido!
David Bowie – Starman
https://youtu.be/tRcPA7Fzebw
Seu Jorge – Starman
https://youtu.be/rZsvPey3NOc