Poemas do destino do mar

Fotografia de Marcus Castro

Acordei em Lisboa com o barulho de abrirem
um lençol molhado no céu
e tentavam arrastar as colinas para o rio.
Ao meu lado desenhavas
as linhas de um mar apavorado
mas grande demais para fugir.

Guardo junto a outros. Tudo o que me importa.
Há uma caixa ali, do lado esquerdo de quem está comigo,
onde estão aos quantos instantes iguais
gravados nas milhares de fotografias
digitais pelos turistas no mundo agora
e eu. Tão madura, tão rude, inconstante
cinquenta mil doçuras que te apavoram
cinquenta mais cinquenta mil e duas paisagens com uma pessoa em frente
ícone, um totem do igual
queimado pelo vermelho do sol.

Ou que quer dizer isso?
Esse lugar que desaparece com uma chuva-fria
os quatro dias dados aos combatentes do entretenimento
seus pés que incham, desacostumados a andar e
clicam. Para a tia que ainda existe, uma empregada atenta
tua mão distraidamente na varanda da minha mão.
Como o vento grava em uma roupa
um alvo é só um vulto. Que quer dizer isso?
Um beijo dado
mais tarde.
Júlia de Carvalho Hansen



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