Alemanha — Grécia*
* Publicado há exactamente dez anos, em 27 de Junho de 2008
1. Quando a Alemanha estava a ganhar 2-0, a televisão mostrou a cara top-model de Cristiano Ronaldo; ele estava ensimesmado, parecia em conspiração consigo próprio; pensei eu, então, ao ver o pensar dele: agora, sim, a asa esquerda do nosso ataque vai “ligar o turbo” e deixar os teutões pregados à sua insignificância.
Pouco depois, as televisões mostraram um grande plano de Scolari ensimesmado, perdido em cálculos; pensei eu, então, ao ver o pensar dele: agora, sim, é que Scolari vai dar asas à nossa fantasia e vencer a sensaboria pragmática de Schweinsteiger e companhia.
Pensava eu que a vitória só podia ser um caso de cosa mentale e não dos centímetros germânicos recenseados burocraticamente por Scolari em conferência de imprensa, antes do jogo.
O “tamanho importa” dizia, há uns anos, agoirento, um anúncio do Renault Clio. E importou: Joachim Low usou muitos mais centímetros que Scolari. De inteligência.
2. Vou ao YouTube e escrevo “Monty Python Football” para ver a segunda parte de um jogo Alemanha - Grécia.
Pela Alemanha alinham, entre outros, Leibniz, Kant, Hegel; mais à frente, Jaspers (substituído aos 88’ por Karl Marx) e, claro, Nietzche e Heidegger.
A Grécia tem uma equipa fabulosa, em que se destacam Platão (à baliza), Aristóteles, Sófocles, Epicuro; no miolo, Demócrito e, ao ataque, o trio maravilha: Heraclito, Sócrates e Arquimedes.
Aos 89’, Arquimedes brada: «EURECA!». Arranca com a bola, faz uma tabela com Sócrates e outra com Heraclito, corre pela direita, centra e Sócrates marca. De cabeça, evidentemente. O mais importante golo da sua carreira. Alemanha, 0 – Grécia, 1.
Pois é. A Grécia e a Alemanha têm filósofos…
1. Quando a Alemanha estava a ganhar 2-0, a televisão mostrou a cara top-model de Cristiano Ronaldo; ele estava ensimesmado, parecia em conspiração consigo próprio; pensei eu, então, ao ver o pensar dele: agora, sim, a asa esquerda do nosso ataque vai “ligar o turbo” e deixar os teutões pregados à sua insignificância.
Pouco depois, as televisões mostraram um grande plano de Scolari ensimesmado, perdido em cálculos; pensei eu, então, ao ver o pensar dele: agora, sim, é que Scolari vai dar asas à nossa fantasia e vencer a sensaboria pragmática de Schweinsteiger e companhia.
Pensava eu que a vitória só podia ser um caso de cosa mentale e não dos centímetros germânicos recenseados burocraticamente por Scolari em conferência de imprensa, antes do jogo.
O “tamanho importa” dizia, há uns anos, agoirento, um anúncio do Renault Clio. E importou: Joachim Low usou muitos mais centímetros que Scolari. De inteligência.
2. Vou ao YouTube e escrevo “Monty Python Football” para ver a segunda parte de um jogo Alemanha - Grécia.
Pela Alemanha alinham, entre outros, Leibniz, Kant, Hegel; mais à frente, Jaspers (substituído aos 88’ por Karl Marx) e, claro, Nietzche e Heidegger.
A Grécia tem uma equipa fabulosa, em que se destacam Platão (à baliza), Aristóteles, Sófocles, Epicuro; no miolo, Demócrito e, ao ataque, o trio maravilha: Heraclito, Sócrates e Arquimedes.
Aos 89’, Arquimedes brada: «EURECA!». Arranca com a bola, faz uma tabela com Sócrates e outra com Heraclito, corre pela direita, centra e Sócrates marca. De cabeça, evidentemente. O mais importante golo da sua carreira. Alemanha, 0 – Grécia, 1.
Pois é. A Grécia e a Alemanha têm filósofos…
José Tolentino de Mendonça é uma figura impar das nossas Letras, das Humanidades, do Pensamento.
ResponderEliminarE é triste, muito triste, viver num país de Brunos, Futebol, Futebol, Futebol e Fado!
Quando uma notícia deste relevo apenas merece apontamentos de rodapé, apetece citar Jorge de Sena:
“Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de nascido nela.”
TSF- on line
José Tolentino Mendonça vai ser bibliotecário do Vaticano
https://www.publico.pt/2018/06/26/sociedade/noticia/jose-tolentino-de-mendonca-vai-ser-bibliotecario-do-vaticano-1835912
É assustador como quem nos governa crê que a Educação é uma espécie de amestramento “profissional” com folklore à mistura…
Filosofia e História são duas disciplinas “malditas” para os cultores do Agora, do Futuro, do Homem Novo Saudável e Tecnológico a quem nada interessa como aqui chegámos e detestam que alguém lhes relembre que a fatiota agora desempoeirada é velha e, pior, se tenha a capacidade para o demonstrar sem a wikipedia ou o google à mão. Ou para quem o acto de pensar não se fica pelo truque sofista.
A menorização da História e da Filosofia são a consequência de várias circunstâncias infelizes, das quais se destaca a óbvia menoridade intelectual de quem tomou essa decisão. A promoção de “estilos de vida” em detrimento do conhecimento e do pensamento é típica do vazio utilitarista a que nada é poupado.
Claro que nada disto é inovador ou original entre nós.
Segue as linhas do pensamento tecnocrático e neoliberal sobre Educação promovido por organizações internacionais como a OCDE e o Banco Mundial e por fundações e tanques-de-pensar apostados na mercantilização da Educação e na organização dos sistemas educativos em estrita subordinação aos interesses e às necessidades do mercado de trabalho.
FARTO!