Amo-te Jéssica*
* Hoje no Jornal do Centro
Quem escreveu “Amo-te Jéssica” numa parede à beira da estrada entre Carregal do Sal e Tondela sabe quem é a Jéssica, talvez ainda a ame, talvez já não. O amor é uma água misteriosa, tanto corre como se esvai nas armadilhas do tempo. Talvez a Jéssica saiba quem foi que escreveu aquilo, talvez não. Talvez haja várias Jéssicas a julgarem saber, talvez uma delas esteja certa e as outras erradas. Talvez estejam todas erradas e a Jéssica amada nunca tenha reparado naquela parede.
Certo, certo, é que, na noite de 15 para 16 de Outubro, a estrada regional 230 entre Carregal do Sal e Tondela foi varrida pelos ventos doidos e crestos da tempestade Ophelia, e o fogo furioso fez fenecer tudo à frente.
Queimou tudo menos aquela declaração de amor naquela parede. Que ainda lá está e que ignizou a imaginação de Cristóvão Cunha para conceber a peça “Amo-te Jéssica”, que estreia esta semana no NACO, em Oliveirinha, feita a partir de “Os Figurantes”, de José Sanchis Sinisterra.
Como disse aquele encenador a este jornal, a peça é uma “homenagem aos bombeiros e às populações” que, naquela noite de todos os perigos, salvaram e salvaram-se. Os figurantes estiveram bem, os figurões não. O Cristóvão fez o balanço exacto: “tivemos populações que, não sabendo o que tinham que fazer porque os responsáveis não estavam, defenderam com coragem tudo o que podiam.”
Os actores principais deste teatro mínimo que é a presença do estado no interior não existiram naquela noite trágica, só existem quando é para cobrarem impostos ou para fazerem leis mal paridas como aquela que obrigava a limpar o mato até 15 de Março, mato que, entretanto, já cresceu outra vez.
Escrevo este Olho de Gato na quarta, vou estar na estreia desta peça na quinta, este jornal sai na sexta. Não posso informar os leitores sobre um passado que ainda não aconteceu. Não posso dizer se a Jéssica estava lá, naquela plateia.
Quem escreveu “Amo-te Jéssica” numa parede à beira da estrada entre Carregal do Sal e Tondela sabe quem é a Jéssica, talvez ainda a ame, talvez já não. O amor é uma água misteriosa, tanto corre como se esvai nas armadilhas do tempo. Talvez a Jéssica saiba quem foi que escreveu aquilo, talvez não. Talvez haja várias Jéssicas a julgarem saber, talvez uma delas esteja certa e as outras erradas. Talvez estejam todas erradas e a Jéssica amada nunca tenha reparado naquela parede.
Certo, certo, é que, na noite de 15 para 16 de Outubro, a estrada regional 230 entre Carregal do Sal e Tondela foi varrida pelos ventos doidos e crestos da tempestade Ophelia, e o fogo furioso fez fenecer tudo à frente.
Queimou tudo menos aquela declaração de amor naquela parede. Que ainda lá está e que ignizou a imaginação de Cristóvão Cunha para conceber a peça “Amo-te Jéssica”, que estreia esta semana no NACO, em Oliveirinha, feita a partir de “Os Figurantes”, de José Sanchis Sinisterra.
Como disse aquele encenador a este jornal, a peça é uma “homenagem aos bombeiros e às populações” que, naquela noite de todos os perigos, salvaram e salvaram-se. Os figurantes estiveram bem, os figurões não. O Cristóvão fez o balanço exacto: “tivemos populações que, não sabendo o que tinham que fazer porque os responsáveis não estavam, defenderam com coragem tudo o que podiam.”
Os actores principais deste teatro mínimo que é a presença do estado no interior não existiram naquela noite trágica, só existem quando é para cobrarem impostos ou para fazerem leis mal paridas como aquela que obrigava a limpar o mato até 15 de Março, mato que, entretanto, já cresceu outra vez.
Escrevo este Olho de Gato na quarta, vou estar na estreia desta peça na quinta, este jornal sai na sexta. Não posso informar os leitores sobre um passado que ainda não aconteceu. Não posso dizer se a Jéssica estava lá, naquela plateia.
Proposta de banda sonora para esta bela crónica:
ResponderEliminarSétima Legião – “Mar d´Outubro”
https://youtu.be/rWw8Cfi7AZU
GNR – “Asas Electricas”
https://youtu.be/EdKfoTlQKfA
Mas podemos todos ficar a acreditar que esteve. É muito mais bonito assim.
ResponderEliminarCuca, a Jéssica esteve de certeza que esteve e atentíssima.
EliminarSó pode.
:-)