Part-time*

* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 13 de Junho de 2008


Fotografia de Tiago Caramujo
(daqui)
1. Manuela Ferreira Leite ganhou as eleições no PSD. A partir de agora vamos passar a ter o presidente, o partido do governo e o principal partido da oposição a dizerem o mesmo e isso não é bom.

Os sindicatos e as associações empresariais tentam moderar e enquadrar o descontentamento — veja-se o que se passou com os professores e o que se passa agora com os camionistas — mas a pressão está a acumular-se. Há um risco elevado de incêndio na “rua” e, infelizmente, Cavaco não sabe fazer de válvula de escape.

Já se começa a falar num governo Sócrates / Manuela para depois das eleições de 2009. É uma ideia péssima. O bloco central é estéril. Basta ver os resultados obtidos com o pacto de justiça que foi celebrado entre o PS e o PSD. Nada de bom aconteceu — os nossos tribunais estão na mesma como a lesma.

2. Marques Mendes defendeu a descida dos impostos e a moralização da política. Foi ele que libertou o PSD de criaturas como Valentim Loureiro e Isaltino Morais.

Não se imagina Manuela a baixar impostos e não se lhe conhecem ideias sobre a ganhuça em que se tornou boa parte da actividade política. Espera-se que, no mínimo, mantenha longe o seu antigo protegido, António Preto, o homem da mala cheia de dinheiro.

Durante a campanha interna do PSD, Manuela Ferreira Leite não disse nada. Agora vai ter que falar, especialmente para a classe média, os reformados e o funcionalismo que são quem tem pago, com língua de palmo, a redução do défice. Será que eles a vão ouvir?

3. A edição de 2 de Junho do Correio da Manhã trazia uma análise dos registos de interesse dos deputados. Em cada dois, um é deputado em part-time.

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