O lobo no saco*
* Publicado hoje no Jornal do Centro
1. Os pesos pesados da política portuguesa subiram ao palco do Rock in Rio e xutaram a cantiga eterna: «as saudades que eu já tinha da minha alegre casinha, tão modesta como eu.» Por causa destes pontapés, Marcelo e os seus companheiros políticos de performance foram chamados de ridículos ou populistas ou as duas coisas.
Ridículos talvez tenham sido, populistas não. "Populista" é o "vem-aí-lobo!", é o novo nome do "homem-do-saco" que vem levar as criancinhas que não comem a sopa. Houve uma altura em que se chamava a tudo o que não agradava "fassista", agora é "populista".
Escusado será dizer que quando chegarem os lobos populistas, e eles vão mesmo chegar, a palavra já estará gasta, metida no fundo do saco da indiferença.
2. Os deputados da nação têm alegres casinhas, tristes casinhas, modestos primeiros andares, opulentos primeiros andares, é lá com eles.
Já não é com eles a espertalhonice com que arredondam o fim-do-mês ao declararem uma casinha longe do parlamento, mesmo quando pagam IMI alfacinha.
Enquanto as pessoas andavam distraídas com o futebol, o parlamento excretou um "parecer jurídico" que passa uma esponja nesta espertalhonice. Uma anedota.
3. No domingo passado, a diocese de Viseu despediu-se do bispo D. Ilídio Leandro com uma merecida homenagem.
Homem bom, tolerante, atento, sensível, D. Ilídio foi uma lufada de ar fresco numa cidade e numa diocese enclausuradas demasiados anos no mundo reaccionário e ultramontano do bispo D. António Monteiro.
Para além desta oxigenação vivificadora da diocese, D. Ilídio iniciou uma mais que necessária recuperação patrimonial, muito bem sucedida na vertente dos bens culturais, não muito bem na parte imobiliária por causa da crise pós-2008.
Saneou, ainda, moralmente o Jornal da Beira. Aquele órgão de comunicação da diocese cumpre agora o seu papel, não é mais o pasquim alaranjado que era no virar do milénio.
Obrigado, D. Ilídio!
Fotografia de Miguel A. Lopes |
1. Os pesos pesados da política portuguesa subiram ao palco do Rock in Rio e xutaram a cantiga eterna: «as saudades que eu já tinha da minha alegre casinha, tão modesta como eu.» Por causa destes pontapés, Marcelo e os seus companheiros políticos de performance foram chamados de ridículos ou populistas ou as duas coisas.
Ridículos talvez tenham sido, populistas não. "Populista" é o "vem-aí-lobo!", é o novo nome do "homem-do-saco" que vem levar as criancinhas que não comem a sopa. Houve uma altura em que se chamava a tudo o que não agradava "fassista", agora é "populista".
Escusado será dizer que quando chegarem os lobos populistas, e eles vão mesmo chegar, a palavra já estará gasta, metida no fundo do saco da indiferença.
2. Os deputados da nação têm alegres casinhas, tristes casinhas, modestos primeiros andares, opulentos primeiros andares, é lá com eles.
Já não é com eles a espertalhonice com que arredondam o fim-do-mês ao declararem uma casinha longe do parlamento, mesmo quando pagam IMI alfacinha.
Enquanto as pessoas andavam distraídas com o futebol, o parlamento excretou um "parecer jurídico" que passa uma esponja nesta espertalhonice. Uma anedota.
3. No domingo passado, a diocese de Viseu despediu-se do bispo D. Ilídio Leandro com uma merecida homenagem.
Homem bom, tolerante, atento, sensível, D. Ilídio foi uma lufada de ar fresco numa cidade e numa diocese enclausuradas demasiados anos no mundo reaccionário e ultramontano do bispo D. António Monteiro.
Para além desta oxigenação vivificadora da diocese, D. Ilídio iniciou uma mais que necessária recuperação patrimonial, muito bem sucedida na vertente dos bens culturais, não muito bem na parte imobiliária por causa da crise pós-2008.
Saneou, ainda, moralmente o Jornal da Beira. Aquele órgão de comunicação da diocese cumpre agora o seu papel, não é mais o pasquim alaranjado que era no virar do milénio.
Obrigado, D. Ilídio!
Subscrevo,tudo!
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