Os burgueses do Zoom e o bonsai de Marcelo*
* Hoje no Jornal do Centro aqui
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1. Os burgueses do Zoom que fazem opinião nas televisões, fartos de aturar os filhinhos em casa, desataram a fazer lóbi para uma abertura rapidinha das escolas, de preferência já depois-de-amanhã, já que amanhã é domingo e não pode ser.
Hiperbolizam eles: manter os infantes em casa causa danos irreparáveis, vamos ter uma geração perdida, o futuro comprometido. Hã?!?!
E avançam com “estudos” e mais “estudos”, gráficos coloridos, cálculos variegados, tudo a “demonstrar” a benignidade e especial brandura do vírus nas escolas. Hã?!?!
Perante esta pirotecnia de argumentos, os jornalistas — não menos cheios de aturar os descendentes — repetem o mesmo mantra: o governo tem que abrir as escolas.
A saturação com as crias é tão grande que, nos últimos dias, foi lançada a “bomba atómica”, perdão, a “bomba” que deixou a população atónita: «Os velhos que se quilhem! Ponham é já os profs em fila prás vÀcinas!»
Mário Nogueira não precisa de esperar pela Sputnik V, vai poder levar já no braço uma vÀcina capitalista.
Compreende-se que, contra a tradição das “retomadas” de posse, Marcelo não vá partir já a loiça na próxima terça-feira. É que, para além da pandemia, estamos em pleno semestre europeu. Para já, ainda não vão acontecer grandes brigas entre o PM e o PR.
O primeiro acaba de obsequiar o segundo com um bonsai. Um ser vivo pequenino, bonito, que não cresce. Como o país.
Infografia do Eco 1986-2019 aqui
O segundo prepara vichyssoises futuras: já nomeou uma equipa dirigida por Bernardo Pires de Lima para fazer “um acompanhamento muito próximo” da “execução do Plano de Recuperação e Resiliência”.
As duas últimas décadas foram comidas pelos caranguejos. Vinte anos de declínio. Fomos ultrapassados pelo Chipre, a Eslovénia e a Estónia e já estamos a ver crescer nos retrovisores a Hungria, a Polónia, a Eslováquia e, até, a Roménia.
É mais do que certo: Marcelo Rebelo de Sousa não vai ficar sossegado em Belém a regar e a tratar o bonsai que lhe deu António Costa.
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