De cada vez que respiro
Da Vida das Marionetas — Aus dem Leben der Marionetten, Ingmar Bergman (1980) |
Tisana 45
De cada vez que respiro sei que alternadamente perco e recupero o
meu corpo. Depois penso que é na praia-mar da respiração que o
meu corpo se forma, nesse intervalo. ( Quando as pessoas dormem
ou estão no cinema, por exemplo, o ar do recinto fica alternadamente
cheio e vazio de corpos!). Respirar o corpo para fora inspirar
o corpo para dentro. Eis como a ginástica é uma forma de vampirismo.
Penso nisto quando estou na praia olhando um homem
deslizar numa prancha de surf por uma onda fora. De repente
desequilibra-se e cai.
Tudo o que é profundo se revela à superfície.
Ana Hatherly
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