Gralhas*
* Hoje no Jornal do Centro
1. O senhor Google, que sabe tudo, informa-nos que a norma internacional ISO 8601 e a norma portuguesa NP EN 28601 mandam que escrevamos a data de hoje assim: 2020/01/17. Isto dizem as normas, mas o hábito e a rotina não querem saber e escrevem 17/01/2020, ou abreviam para 17/1/20.
A escrita de uma data, este quase não-assunto com que inicio este Olho de Gato, tem pelo menos dois “quês”:
— primeiro “quê”: datar 17/1/20 é um risco. Repare neste exemplo: é muito fácil tirar sete anos a 17/1/20, basta escrever um 13 à frente — 17/1/2013. Assim se subverte ou falsifica um documento em que a data seja importante;
— segundo “quê”: na semana passada, deixei passar uma gralha logo no início da crónica, quando escrevi “Durante 2009, começaram a cair 'alegadamentes', primeiro sobre o presidente da câmara de Tondela e, depois, em cima do de Viseu.” Foi uma asneira. Em 2009, José António Jesus e António Almeida Henriques ainda não eram presidentes de câmara. Devia ter escrito 2019.
Este andar-para-trás dez anos não teve nada a ver com um engano comum nos primeiros dias de Janeiro, em que muitas vezes, distraídos, escrevemos os dígitos do ano anterior, este flashback foi mesmo um falhanço inexplicável.
Enfim, o PAN pode ficar descansado, por mais energia que se gaste a catar gralhas, há sempre alguns deste bichos que sobrevivem.
2. A plataforma “Já Marchavas”, um dos heterónimos do Bloco de Esquerda de Viseu, informou no seu site que andou a colocar nalgumas estátuas da cidade “mensagens de repúdio à violência que vitimou o [cabo-verdiano] Giovani”.
A “Já Marchavas”, apesar de confessar não saber “se o facto da vítima ser racializada inferiu na brutalidade das agressões”, mesmo assim, pôs um cartaz na estátua de Camões a dizer: “Giovani — Tristes Brancos Costumes”.
Aquela “racializada” é um eufemismo muito usado pelos identitários que vêem cores de pele onde há pessoas. Aquele “inferiu” é uma gralha, acontece a todos. Já aquele cartaz é mesmo um nojo racista.
1. O senhor Google, que sabe tudo, informa-nos que a norma internacional ISO 8601 e a norma portuguesa NP EN 28601 mandam que escrevamos a data de hoje assim: 2020/01/17. Isto dizem as normas, mas o hábito e a rotina não querem saber e escrevem 17/01/2020, ou abreviam para 17/1/20.
A escrita de uma data, este quase não-assunto com que inicio este Olho de Gato, tem pelo menos dois “quês”:
— primeiro “quê”: datar 17/1/20 é um risco. Repare neste exemplo: é muito fácil tirar sete anos a 17/1/20, basta escrever um 13 à frente — 17/1/2013. Assim se subverte ou falsifica um documento em que a data seja importante;
— segundo “quê”: na semana passada, deixei passar uma gralha logo no início da crónica, quando escrevi “Durante 2009, começaram a cair 'alegadamentes', primeiro sobre o presidente da câmara de Tondela e, depois, em cima do de Viseu.” Foi uma asneira. Em 2009, José António Jesus e António Almeida Henriques ainda não eram presidentes de câmara. Devia ter escrito 2019.
Este andar-para-trás dez anos não teve nada a ver com um engano comum nos primeiros dias de Janeiro, em que muitas vezes, distraídos, escrevemos os dígitos do ano anterior, este flashback foi mesmo um falhanço inexplicável.
Enfim, o PAN pode ficar descansado, por mais energia que se gaste a catar gralhas, há sempre alguns deste bichos que sobrevivem.
Fotografia Olho de Gato
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A “Já Marchavas”, apesar de confessar não saber “se o facto da vítima ser racializada inferiu na brutalidade das agressões”, mesmo assim, pôs um cartaz na estátua de Camões a dizer: “Giovani — Tristes Brancos Costumes”.
Aquela “racializada” é um eufemismo muito usado pelos identitários que vêem cores de pele onde há pessoas. Aquele “inferiu” é uma gralha, acontece a todos. Já aquele cartaz é mesmo um nojo racista.
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