Fractura geracional*
* Hoje no Jornal do Centro
O referendo do Brexit mostrou que o eleitorado mais rural, mais pobre e mais velho culpava a “Europa” e os migrantes dos seus problemas. É gente de poucos estudos que viu as suas comunidades definharem e as fábricas que lhes davam empregos serem deslocalizadas para países de mão-de-obra mais barata.
Naquela votação, em Junho de 2016, 64% dos eleitores com menos de 25 anos votaram pela permanência do país na União Europeia e os eleitores de 65 ou mais anos votaram maioritariamente Brexit (58%). Ficou à mostra uma fractura geracional “feia de ver”, assim a classifiquei na altura aqui no Olho de Gato.
Agora, três anos e meio depois, esta fractura ficou ainda mais exposta: 46% do eleitorado dos 18 aos 39 anos votou trabalhista e 24% conservador; no outro lado do espectro etário: acima dos 60 anos, 61% votou conservador e 13,5% trabalhista.
O que fez a diferença nestas eleições no Reino Unido não foi a classe social, foi a pertença geracional e o diploma escolar.
É verdade que o Partido Conservador britânico é o primeiro partido não-populista do ocidente preocupado em dar alguma resposta às angústias das classes baixas desescolarizadas que se sentem derrotadas pela globalização.
Mas não é menos verdade que o governo do mesmo partido vai ter, nos próximos anos, sérios sarilhos com a juventude cosmopolita das grandes cidades. Vamos ter manifestações pela permanência na “Europa” e activismos verdes inspirados por Greta Thunberg, com ou sem acções directas ignizadas nas redes sociais.
À rebeldia eurofóbica de uma parte da política britânica das últimas décadas, que culminou no referendo de 2016, seguir-se-á agora uma rebeldia eurofílica e verde que não vai deixar de lutar pelo seu futuro nas ruas.
A “rua” de Londres corre algum risco de ficar parecida com a “rua” de Hong Kong. Era bom que o Partido Trabalhista, depois de arredar o dinossauro Corbyn, arranjasse um líder capaz de enquadrar institucionalmente esse descontentamento jovem.
O referendo do Brexit mostrou que o eleitorado mais rural, mais pobre e mais velho culpava a “Europa” e os migrantes dos seus problemas. É gente de poucos estudos que viu as suas comunidades definharem e as fábricas que lhes davam empregos serem deslocalizadas para países de mão-de-obra mais barata.
Naquela votação, em Junho de 2016, 64% dos eleitores com menos de 25 anos votaram pela permanência do país na União Europeia e os eleitores de 65 ou mais anos votaram maioritariamente Brexit (58%). Ficou à mostra uma fractura geracional “feia de ver”, assim a classifiquei na altura aqui no Olho de Gato.
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Agora, três anos e meio depois, esta fractura ficou ainda mais exposta: 46% do eleitorado dos 18 aos 39 anos votou trabalhista e 24% conservador; no outro lado do espectro etário: acima dos 60 anos, 61% votou conservador e 13,5% trabalhista.
O que fez a diferença nestas eleições no Reino Unido não foi a classe social, foi a pertença geracional e o diploma escolar.
É verdade que o Partido Conservador britânico é o primeiro partido não-populista do ocidente preocupado em dar alguma resposta às angústias das classes baixas desescolarizadas que se sentem derrotadas pela globalização.
Mas não é menos verdade que o governo do mesmo partido vai ter, nos próximos anos, sérios sarilhos com a juventude cosmopolita das grandes cidades. Vamos ter manifestações pela permanência na “Europa” e activismos verdes inspirados por Greta Thunberg, com ou sem acções directas ignizadas nas redes sociais.
À rebeldia eurofóbica de uma parte da política britânica das últimas décadas, que culminou no referendo de 2016, seguir-se-á agora uma rebeldia eurofílica e verde que não vai deixar de lutar pelo seu futuro nas ruas.
A “rua” de Londres corre algum risco de ficar parecida com a “rua” de Hong Kong. Era bom que o Partido Trabalhista, depois de arredar o dinossauro Corbyn, arranjasse um líder capaz de enquadrar institucionalmente esse descontentamento jovem.
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