Moral
Fotografia de Tommy Tong |
Nas vezes em que procuro
nas fábulas
a moral: amoral a fábula
recorre ao desgosto
das circunstâncias
para provar do improvável
o restante. Revistado na entrada
descubro preconceitos dúvidas
e inverdades. A moralidade diz
o verdugo – lâmina afiada –
sustenta meu trabalho
e o povo satisfeito
na plateia.
Pedro Du Bois
Bom dia e boa semana.
ResponderEliminarDa Séria - “No tempo em que” havia músicos a fazer intervenção política.
Hoje: José Mário Branco – “Eh! Companheiro” e curioso coincidência que o post do Sr Gato se intitula: MORAL!!!
Nestes tempos de políticos manhosos que “esquecem as regras da transparência”(tudo por mero engano) ou confundem a sua morada oficial com a do partido…, recorro sempre ao Zé Mário Branco.
Vamos recordar a canção “Eh! Companheiro” e a sua mensagem anti-regime. Reconheço que foi das músicas que mais me marcou no antes 25 Abril.
Chamo a atenção para o brilhante poema de Sérgio Godinho e para o ritmo sequenciado dos instrumentos (violinos) / coro e sobretudo o matraquear (forte e lutador) do piano.
José Mário Branco vai para o exílio em 1963, e escolhe viver em Paris onde toma contacto com os bidonville e as duras condições dos emigrantes. Foi membro do Partido Comunista, fundador do GAC, da Comuna e do Bloco de Esquerda, é vulto incontornável da música nacional mas também do activismo político dando um renovado significado à “máxima resistir é vencer”.
Ao longo da carreira, um princípio fundamental norteou sempre as posições de José Mário Branco: a defesa intransigente da música portuguesa; factor aliado ao colocar a canção ao serviço da luta dos trabalhadores, mas nunca aceita que os critérios políticos se sobreponham aos critérios estéticos. Como se verifica, na sua qualidade de produtor, de Camané.
Serve ainda este texto para recordar que conheci as palavras do Zé Mário através da revista “Mundo da Canção”, fundada em 1969, no Porto, pelo Avelino Tavares. Revista pioneira e de grande qualidade na divulgação da música popular nacional e estrangeira. Como dizia no seu editorial: “A música é a expressão mais importante da reivindicação da juventude de todo o mundo e tu, Jovem de Portugal, tens uma palavra a dizer”.
“Eh! Companheiro”, enquanto houver memória cá estaremos para te cantar e divulgar: “Só tem medo desses muros / quem tem muros no pensar”.
José Mário Branco – “Eh! Companheiro”
https://youtu.be/kCarZNZGrIU
Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou pra te falar
Estas paredes me tolhem
os passos que quero dar
uma é feita de granito
não se pode rebentar
outra de vidro rachado
p'ras duas pernas cortar
Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Só tem medo desses muros
quem tem muros no pensar
todos sabemos do pássaro
cá dentro a qu'rer voar
se o pensamento for livre
todos vamos libertar
Eh! Companheiro eu falo
eu falo do coração
Já me acostumei à cor
desta negra solidão
já o preto que vai bem
já o branco ainda não
não sei quando vem o vento
pra me levar de avião
Eh! Companheiro respondo
respondo do coração
ser sozinho não é sina
nem de rato de porão
faz também soprar o vento
não esperes o tufão
põe sementes do teu peito
nos bolsos do teu irmão
Eh! Companheiro vou falar
vou falar do meu parecer
Vira o vento muda a sorte
toda a vida ouvi dizer
soprou muita ventania
não vi a sorte crescer
meu destino e sempre o mesmo
desde moço até morrer
Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou p'ra responder
Sorte assim não cresce a toa
como urtiga por colher
cresce nas vinhas do povo
leva tempo a amadur'cer
quando mudar seu destino
está ao alcance de um viver
Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou pra te falar
De toda a parte me chamam
não sei p'ra onde me virar
uns que trazem fechadura
com portas para espreitar
outros que em nome da paz
não me deixam nem olhar
Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Portas assim foram feitas
p'ra se abrir de par em par
não confundas duas coisas
cada paz em seu lugar
pela paz que nos recusam
muito temos de lutar.
Bom dia e boa semana.
ResponderEliminarDa Séria - “No tempo em que” havia músicos a fazer intervenção política.
Hoje: José Mário Branco – “Eh! Companheiro” e curioso coincidência que o post do Sr Gato se intitula: MORAL!!!
Nestes tempos de políticos manhosos que “esquecem as regras da transparência”(tudo por mero engano) ou confundem a sua morada oficial com a do partido…, recorro sempre ao Zé Mário Branco.
Vamos recordar a canção “Eh! Companheiro” e a sua mensagem anti-regime. Reconheço que foi das músicas que mais me marcou no antes 25 Abril.
Chamo a atenção para o brilhante poema de Sérgio Godinho e para o ritmo sequenciado dos instrumentos (violinos) / coro e sobretudo o matraquear (forte e lutador) do piano.
José Mário Branco vai para o exílio em 1963, e escolhe viver em Paris onde toma contacto com os bidonville e as duras condições dos emigrantes. Foi membro do Partido Comunista, fundador do GAC, da Comuna e do Bloco de Esquerda, é vulto incontornável da música nacional mas também do activismo político dando um renovado significado à “máxima resistir é vencer”.
Ao longo da carreira, um princípio fundamental norteou sempre as posições de José Mário Branco: a defesa intransigente da música portuguesa; factor aliado ao colocar a canção ao serviço da luta dos trabalhadores, mas nunca aceita que os critérios políticos se sobreponham aos critérios estéticos. Como se verifica, na sua qualidade de produtor, de Camané.
Serve ainda este texto para recordar que conheci as palavras do Zé Mário através da revista “Mundo da Canção”, fundada em 1969, no Porto, pelo Avelino Tavares. Revista pioneira e de grande qualidade na divulgação da música popular nacional e estrangeira. Como dizia no seu editorial: “A música é a expressão mais importante da reivindicação da juventude de todo o mundo e tu, Jovem de Portugal, tens uma palavra a dizer”.
“Eh! Companheiro”, enquanto houver memória cá estaremos para te cantar e divulgar: “Só tem medo desses muros / quem tem muros no pensar”.
José Mário Branco – “Eh! Companheiro”
https://youtu.be/kCarZNZGrIU
Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou pra te falar
Estas paredes me tolhem
os passos que quero dar
uma é feita de granito
não se pode rebentar
outra de vidro rachado
p'ras duas pernas cortar
Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Só tem medo desses muros
quem tem muros no pensar
todos sabemos do pássaro
cá dentro a qu'rer voar
se o pensamento for livre
todos vamos libertar
Eh! Companheiro eu falo
eu falo do coração
Já me acostumei à cor
desta negra solidão
já o preto que vai bem
já o branco ainda não
não sei quando vem o vento
pra me levar de avião
Eh! Companheiro respondo
respondo do coração
ser sozinho não é sina
nem de rato de porão
faz também soprar o vento
não esperes o tufão
põe sementes do teu peito
nos bolsos do teu irmão
Eh! Companheiro vou falar
vou falar do meu parecer
Vira o vento muda a sorte
toda a vida ouvi dizer
soprou muita ventania
não vi a sorte crescer
meu destino e sempre o mesmo
desde moço até morrer
Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou p'ra responder
Sorte assim não cresce a toa
como urtiga por colher
cresce nas vinhas do povo
leva tempo a amadur'cer
quando mudar seu destino
está ao alcance de um viver
Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou pra te falar
De toda a parte me chamam
não sei p'ra onde me virar
uns que trazem fechadura
com portas para espreitar
outros que em nome da paz
não me deixam nem olhar
Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Portas assim foram feitas
p'ra se abrir de par em par
não confundas duas coisas
cada paz em seu lugar
pela paz que nos recusam
muito temos de lutar.
Bom dia e boa semana.
ResponderEliminarDa Séria - “No tempo em que” havia músicos a fazer intervenção política.
Hoje: José Mário Branco – “Eh! Companheiro” e curioso coincidência que o post do Sr Gato se intitula: MORAL!!!
Nestes tempos de políticos manhosos que “esquecem as regras da transparência”(tudo por mero engano) ou confundem a sua morada oficial com a do partido…, recorro sempre ao Zé Mário Branco.
Vamos recordar a canção “Eh! Companheiro” e a sua mensagem anti-regime. Reconheço que foi das músicas que mais me marcou no antes 25 Abril.
Chamo a atenção para o brilhante poema de Sérgio Godinho e para o ritmo sequenciado dos instrumentos (violinos) / coro e sobretudo o matraquear (forte e lutador) do piano.
José Mário Branco vai para o exílio em 1963, e escolhe viver em Paris onde toma contacto com os bidonville e as duras condições dos emigrantes. Foi membro do Partido Comunista, fundador do GAC, da Comuna e do Bloco de Esquerda, é vulto incontornável da música nacional mas também do activismo político dando um renovado significado à “máxima resistir é vencer”.
Ao longo da carreira, um princípio fundamental norteou sempre as posições de José Mário Branco: a defesa intransigente da música portuguesa; factor aliado ao colocar a canção ao serviço da luta dos trabalhadores, mas nunca aceita que os critérios políticos se sobreponham aos critérios estéticos. Como se verifica, na sua qualidade de produtor, de Camané.
Serve ainda este texto para recordar que conheci as palavras do Zé Mário através da revista “Mundo da Canção”, fundada em 1969, no Porto, pelo Avelino Tavares. Revista pioneira e de grande qualidade na divulgação da música popular nacional e estrangeira. Como dizia no seu editorial: “A música é a expressão mais importante da reivindicação da juventude de todo o mundo e tu, Jovem de Portugal, tens uma palavra a dizer”.
“Eh! Companheiro”, enquanto houver memória cá estaremos para te cantar e divulgar: “Só tem medo desses muros / quem tem muros no pensar”.
José Mário Branco – “Eh! Companheiro”
https://youtu.be/kCarZNZGrIU
Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou pra te falar
Estas paredes me tolhem
os passos que quero dar
uma é feita de granito
não se pode rebentar
outra de vidro rachado
p'ras duas pernas cortar
Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Só tem medo desses muros
quem tem muros no pensar
todos sabemos do pássaro
cá dentro a qu'rer voar
se o pensamento for livre
todos vamos libertar
Eh! Companheiro eu falo
eu falo do coração
Já me acostumei à cor
desta negra solidão
já o preto que vai bem
já o branco ainda não
não sei quando vem o vento
pra me levar de avião
Eh! Companheiro respondo
respondo do coração
ser sozinho não é sina
nem de rato de porão
faz também soprar o vento
não esperes o tufão
põe sementes do teu peito
nos bolsos do teu irmão
Eh! Companheiro vou falar
vou falar do meu parecer
Vira o vento muda a sorte
toda a vida ouvi dizer
soprou muita ventania
não vi a sorte crescer
meu destino e sempre o mesmo
desde moço até morrer
Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou p'ra responder
Sorte assim não cresce a toa
como urtiga por colher
cresce nas vinhas do povo
leva tempo a amadur'cer
quando mudar seu destino
está ao alcance de um viver
Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou pra te falar
De toda a parte me chamam
não sei p'ra onde me virar
uns que trazem fechadura
com portas para espreitar
outros que em nome da paz
não me deixam nem olhar
Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Portas assim foram feitas
p'ra se abrir de par em par
não confundas duas coisas
cada paz em seu lugar
pela paz que nos recusam
muito temos de lutar.