Na feira de Alfândega da Fé
Fotografias Olho de Gato |
Na feira de Alfândega da Fé foi um cigano.
Eu tinha uma saia encarnada.
Olhei-o enquanto ele gritava agitando cuecas ao parapeito.
Olhos negros busto contra a minha visita.
Peguei em três cuequinhas ao preço de uma e deitei-me na carrinha sobre um monte.
Experimentei-as, uma por cima da outra, uma e outra e outra sobre as minhas eram quatro em cima de cinquenta embalagens seladas.
Ele deslaçou o cinto às soltas braguilhas e deu-me de joelhos a parte que me tocava.
Amparava-me o credo de costas sustida em lacostes.
A saia enrodilhava ao forte da ganga genuflexa.
O cigano pôs-se em sua alma.
Lá fora chorava a criancinha ranhosa que tinha feito à prima que não cortava o cabelo desde que lhe morrera o paizinho.
A banda tocava ao altifalante.
Uma esganiçada berra, Oh Tó-Zé! Abre a porta!
Ele, mete a mão e arreda-me as quatro.
Não alinhava, largava as quatro, pegava na alma, as quatro fechavam, arredava as quatro e alma fugia.
"Oh Tó-Zé! Abre a porta cabrão!"
Rosalina Marshall
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