Ouriços e raposas

«Tetlock realizou estudos sobre aquilo a que mais tarde chamou a "difermasia entre raposa e ouriço" em tipos de previsões.

     
O nome proveio da famosa afirmação feita pelo filósofo britânico Isaiah Berlin de que havia dois tipos de pensadores no mundo: os ouriços, que sabem uma coisa importante, e as raposas, que se precipitam de ideia para ideia.

     
"Platão, Lucrécio, Pascal, Hegel, Dostoievsky, Nietzche, Ibsen e Proust são, em diversos graus, ouriços", escreveu Berlin.

     
"Heródoto, Aristóteles, Montaigne, Erasmo, Molière, Goethe, Pushkin, Balzac e Joyce são raposas."

     
Tetlock e a sua equipa entrevistaram centenas de "peritos" em temas como economia, relações internacionais e política e pediram-lhes que fizessem previsões sobre o futuro a curto prazo (os próximos cinco anos).

     
Depois, dividiram os entrevistados para o estudo por diversas categorias: optimistas e pessimistas, orientação política de esquerda e de direita, raposas e ouriços.

     
(...)
"Aqueles que obtêm pontuações baixas parecem ouriços", escreveu Tetlock mais tarde; eram pensadores que sabem "uma coisa importante e, agressivamente, expandem o âmbito explicativo dessa coisa importante para novos domínios".

     
Os que obtinham pontuações altas, afirmou, pareciam mais raposas: eram cépticos em relação à analogia histórica fácil, tendiam a ser mais probabilistas no seu pensamento e não tinham o menor problema quanto a actualizar os seus modelos.»

in A Era do Imprevisível, 
de Joshua Cooper Ramo

(ed. Casa das Letras)