Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão
Como é sabido, Manuel António Pina acaba de ganhar o Prémio Camões, o maior prémio literário da língua portuguesa. Foi um prémio mais que merecido.
Imagem daqui
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Este prémio tem um sabor especial para este blogue, não só porque o poeta adora gatos, mas também por ter sido atribuído exactamente dezoito dias depois da publicação de um texto inclassificável e cretino com que a criatura que está a bastonário dos advogados decidiu mimosear um homem com agá grande e grande escritor chamado Manuel António Pina.
Fica aqui um dos poemas mais conhecidos do prémio Camões/2011:
Esplanada
Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,
agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.
O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.
E quem repete os ditos do cretino, é o quê?
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