Ordem nas ordens *

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro.


     Pedro Delgado Alves, secretário-geral da Juventude Socialista, publicou na última edição do Expresso um texto interessante sobre a forma como as ordens profissionais tratam os recém-licenciados.

     Assinale-se como muito positivo que o número um da JS, mesmo em plena campanha eleitoral, tenha preferido usar os neurónios e fazer um texto inteligente. Contrasta com a propaganda atrasada mental que anda para aí em todo o lado, nos media e nas redes sociais, e que não ganha um voto.

     Mas indo ao que importa — porque é que a geração mais preparada e mais talentosa que alguma vez houve em Portugal está a ser empurrada para a emigração?

     A resposta não é difícil: Portugal é uma sociedade fechada onde medra o compadrio. O país tem uma ecologia social agreste à iniciativa, à concorrência, à liberdade. 
     A concorrência é um valor de esquerda — como demonstra Daniel Innerarity em "O Futuro e os Seus Inimigos". Quando o estado vira “engenheiro social” preferindo uns em detrimento de outros, abafa a iniciativa individual, abafa a esperança, tira futuro aos jovens. 
     Pedro Delgado Alves no seu texto intitulado "Um debate fundamental" escreve sobre o cada vez mais claro fechamento corporativo que as ordens profissionais estão a fazer nos seus sectores.
     Na advocacia isso é público e notório. O sucesso eleitoral que o bastonário dos advogados Marinho Pinto tem entre os seus pares assenta nos truques que ele foi criando para evitar o acesso dos jovens licenciados em direito à profissão.
     Primeiro arranjou um exame de admissão ao estágio cujo regulamento, de tão injusto, foi declarado inconstitucional e agora fez "um aumento incomportável das taxas de inscrição no estágio e nas provas correspondentes".
     O poder político tem que pôr ordem nas ordens.

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