Nunca direi que te amo

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Sem nenhum aviso,
as sardas de um rosto, vieram as sardas
e eram notícia de uma navegação morena;
uma voz rouquenha, como se abafasse
o grito súbito sobre este porto
de nenhum aviso.

Nunca lhe direi sobre o amor: jamais faria
declaração de posse às minhas mãos;
nenhum registo público hei de requerer
sobre meus pés; nem protocolos mandarei abrir
sobre meus braços;
mandato algum darei sobre meus olhos:
cega-me a crueldade desta posse.

De que haveria de falar, se a voz
me some nos contrastes deste aviso súbito?
Os segredos,
não os desvendarei —
as mãos, a voz, este "sim" —
porque
Ela, 
subitamente a tua voz morena:
a flor, o vinho.
                                                   Soares Feitosa

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