Da rotina

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«(...) a predominância de um estilo assente na juventude, na aceleração do sentidos e dos cenários múltiplos e efémeros tem desvalorizado as formas de estar assentes na permanência e no reencontro das coisas, das pessoas, dos lugares e dos gostos — e mesmo das ideias e dos valores que nos governam.

A rotina é uma estrutura essencial à possibilidade do social. E não deve ser confundida com os seus estados-limite, que são a monotonia e o tédio.
     
Jantar é rotina, comer sempre ovo-estrelado é tédio; gostar sempre da mesma pessoa é rotina, não olhar para mais ninguém é tédio.
     
Vivemos hoje rodeados de agitados que como o António Variações só querem estar onde não estão e conhecer quem nunca viram e a cabeça não tem juízo e o corpo é que paga, etc., etc.
      
São pessoas que, parecendo exibir energia e optimismo, vivem num desagradável e permanente descolamento da rotina.» 
Luís Fernandes,
in jornal Público, 3/7/2002

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