Sectarismo no Líbano, familismo em Viseu*

* Hoje no Jornal do Centro 
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1. Nassim Nicholas Taleb, no início do seu best-seller “O Cisne Negro”, vai logo ao ponto e explica que aquele título não se refere a nenhum bicho com penas mas sim a um acontecimento que seja três coisas ao mesmo tempo: (i) impactante, (ii) imprevisível, e que (iii) desencadeie uma torrente de explicações a posteriori. 


Daqui
O assassinato do Arquiduque Fernando em Sarajevo em 1914, o 11 de Setembro de 2001, o Facebook, são Cisnes Negros. A Covid-19 não é, pandemias são fáceis de prever, depois desta outras virão. 

Logo a seguir, Taleb descreve o Cisne Negro que lhe modificou a vida. Ele nasceu no Líbano, nessa encruzilhada de civilizações, terra de encontro de culturas e religiões em coexistência pacífica: cristãos de todas as variedades (maronitas, arménios, ortodoxos, “católicos romanos que restaram do tempo das cruzadas”); muçulmanos (xiitas e sunitas); drusos, alguns judeus.

Os libaneses faziam ponto de honra da sua tolerância e olhavam até com alguma sobranceria para o sectarismo dos vizinhos. Durante séculos, foram mestres no comércio, abertos ao mundo, sofisticados. Com um clima maravilhoso, o Líbano era uma sociedade requintada, cosmopolita, atractiva.  

Ora, sem que nada o fizesse prever, tudo isso desapareceu num instante quando se soltou a barbárie e eclodiu a guerra civil entre cristãos e muçulmanos.

Depois dos quinze anos de hostilidades militares (1975-1990), lembra Nassim Nicholas Taleb, a destruição física foi relativamente “fácil de reverter com alguns empreiteiros motivados, políticos corruptos e accionistas ingénuos”, mas o espírito de tolerância, esse, não pôde ser reconstruído.

E já se sabe: o poder destrutivo do fanatismo e do sectarismo é maior, até, do que o das 2.750 toneladas de nitrato de amónio que explodiram no porto de Beirute, em 4 de Agosto.

2. Maria de Fátima Araújo Reis — irmã da deputada do PS, presidente da Concelhia de Viseu e vereadora na Câmara, Lúcia Araújo Silva — acaba de ser nomeada  directora regional do centro do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

Este “tudo em família” só serve para facilitar a vida aos populistas e aumentar a descrença das pessoas na política.

João Azevedo ou se demarca desta lógica de clã do aparelho socialista ou arrisca-se a perder votos para o bloco e a ter, no próximo ano, um vereador cheguista na câmara de Viseu.

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