Opus Dei*
* Hoje no Jornal do Centro
Em 1987, D. António Monteiro chegou à diocese de Viseu, primeiro como bispo coadjutor, depois, no ano seguinte, assumiu a titularidade. O país tinha acabado de entrar na CEE. Começava a execução, isto é, o homicídio dos fundos comunitários, derretidos em bêémes turboconduzidos por cavaquistas de formação profissional da treta em formação profissional da treta, fundos comunitários aplicados em jipes com que jovens agricultores sexagenários cartografavam vinhas e pomares a arrancar.
Em 1987, cumprindo a tradição de todos os primeiros mandatos, o presidente-rei Mário Soares apaparicava o então chefe-do-governo Aníbal Cavaco Silva, tanto como agora o presidente-selfie Marcelo Rebelo de Sousa apaparica António Costa.
Em 1987, o país estava pacificado depois dos ardores do PREC. Alguns poucos nostálgicos da revolução ainda encharcavam o fígado enquanto punham o "FMI", de José Mário Branco, a dar 33 voltinhas por minuto no gira-discos, mas o povão não tinha dessas nostalgias. Enquanto dava maiorias a Cavaco, organizava excursões para ir ao Continente de Matosinhos, o primeiro do país, onde gastava em média dez contos de reis por compra.
Em 1987, longe, muito longe de Matosinhos, Viseu ia puxando pelos Renaults 5 e os Fiats 127 nas subidas dos novos troços do IP5 que iam sendo inaugurados naqueles tempos de optimismo cavacal. Viseu era, e foi-o durante muitos anos, o cavaquistão. Conservador, beato. Públicas virtudes, vícios privados. A verdade é que, naquela altura, o recém-chegado D. António criou um corrupio nas paróquias de Viseu. O bispo, numa entrevista a um jornal nacional que não consigo achar (terá sido ao Público? ao Expresso?), fez a seguinte radiografia do seu clero: «na minha diocese, 80% dos padres são da Opus Dei e os restantes têm 80 anos» (cito de memória).
Lembrei-me daquela indiscreta descrição de D. António Monteiro ao saber que alguns párocos viseenses ficaram infectados com Covid-19 depois de terem estado num retiro da Opus Dei. A eles, agora a caminho dos 80, desejo pronta e completa recuperação.
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Fotografia Olho de Gato |
Em 1987, D. António Monteiro chegou à diocese de Viseu, primeiro como bispo coadjutor, depois, no ano seguinte, assumiu a titularidade. O país tinha acabado de entrar na CEE. Começava a execução, isto é, o homicídio dos fundos comunitários, derretidos em bêémes turboconduzidos por cavaquistas de formação profissional da treta em formação profissional da treta, fundos comunitários aplicados em jipes com que jovens agricultores sexagenários cartografavam vinhas e pomares a arrancar.
Em 1987, cumprindo a tradição de todos os primeiros mandatos, o presidente-rei Mário Soares apaparicava o então chefe-do-governo Aníbal Cavaco Silva, tanto como agora o presidente-selfie Marcelo Rebelo de Sousa apaparica António Costa.
Em 1987, o país estava pacificado depois dos ardores do PREC. Alguns poucos nostálgicos da revolução ainda encharcavam o fígado enquanto punham o "FMI", de José Mário Branco, a dar 33 voltinhas por minuto no gira-discos, mas o povão não tinha dessas nostalgias. Enquanto dava maiorias a Cavaco, organizava excursões para ir ao Continente de Matosinhos, o primeiro do país, onde gastava em média dez contos de reis por compra.
Em 1987, longe, muito longe de Matosinhos, Viseu ia puxando pelos Renaults 5 e os Fiats 127 nas subidas dos novos troços do IP5 que iam sendo inaugurados naqueles tempos de optimismo cavacal. Viseu era, e foi-o durante muitos anos, o cavaquistão. Conservador, beato. Públicas virtudes, vícios privados. A verdade é que, naquela altura, o recém-chegado D. António criou um corrupio nas paróquias de Viseu. O bispo, numa entrevista a um jornal nacional que não consigo achar (terá sido ao Público? ao Expresso?), fez a seguinte radiografia do seu clero: «na minha diocese, 80% dos padres são da Opus Dei e os restantes têm 80 anos» (cito de memória).
Lembrei-me daquela indiscreta descrição de D. António Monteiro ao saber que alguns párocos viseenses ficaram infectados com Covid-19 depois de terem estado num retiro da Opus Dei. A eles, agora a caminho dos 80, desejo pronta e completa recuperação.
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