Leveirezas*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 6 de Agosto de 2010


1. É Agosto, mês de férias. É suposto os leitores quererem uma crónica leve. Vou tentar mas não sei se sou capaz. É que não há leveza na cidade.

Viseu entrou no mês a comer rancho, uma comida pesada, numa rota gastronómica organizada por Gualter Mirandez, competente presidente da Associação Comercial e elegante desportista. Com ele, a anfitriar este nada leve evento, esteve a câmara de Viseu do dr. Ruas.

Por sua vez, na mesmíssima altura, na sua página do Facebook, o secretário de estado de todas as autarquias José Junqueiro publicou uma fotografia em que, em grande plano, uma opípara feijoada desafiava as digestões com a “insustentável leveza” de uma Água das Pedras cheia de arrependimento.


Como se vê, Agosto começou pesado em Viseu. Nem a leveza de João Baião aos pinchos no Rossio, praça primeira da capital-nacional-do-pedal, aliviou este chumbo nos estômagos.

Percebe-se que Fernando Ruas e José Junqueiro, os dois políticos que pontificam em Viseu há duas décadas, não estão para saladas.

Nem nas leguminosas eles se põem de acordo: um atira-se ao grão-de-bico enquanto o outro almoça feijão.

Há quem diga que o dr. Ruas, em Viseu, já só pensa em Lisboa, e o dr. Junqueiro, em Lisboa, já só pensa em Viseu. Mas é melhor deixar isso para outra altura.

2. Há duas semanas, a revista do Expresso fazia capa com o conde de Anadia, o senhor António Mexia. Na fotografia, o número 1 da EDP parece o Super-Homem em versão Clark Kent, com óculos de massa grossa e ar de quem aguenta tudo, até uma dose de kryptonite.

O energizado gestor, que em 2009 abichou na eléctrica nacional 3,1 milhões de euros, chama invejosos e preguiçosos aos críticos deste bónus.

O homem tem razão. Portugal precisa de exportar um génio destes. Com a receita obtida, até o rating da república melhora.

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