O eleitorado de Trump*
Hoje no Jornal do Centro
Em 28 de Fevereiro, dediquei aqui um texto às presidenciais norte-americanas em que justifiquei o voto jovem em Bernie Sanders e deixei para um Olho de Gato futuro a descrição da racionalidade do voto que elegeu Donald Trump.
Vai ser hoje. Os entre-aspas que se seguem provêm do livro “Onde Estamos? Uma Outra Visão da História Humana”, de Emmanuel Todd.
A globalização, criada e impulsionada pelos Estados Unidos, tornou-se uma história de sucesso na Ásia, começa a apresentar também alguns bons indicadores na África, mas aumentou a desigualdade económica, a precariedade e a insegurança social no ocidente.
É o caso dos brancos norte-americanos com baixa escolaridade que se viram sujeitos a dois factores de stress simultâneos:
— perderam empregos bem remunerados à medida que as fábricas eram deslocalizadas para países de mão-de-obra mais barata;
— cresceu neles uma “insegurança territorial” à medida que, no seu país, a percentagem de habitantes nascidos no estrangeiro passava de 5 para 16%.
Já se sabe: um caldeirão assim produz ressentimento, remexe directamente na “base primitiva da democracia, a sua necessidade de um Outro e portanto da xenofobia”. Para eles a América não era great, para eles a América só seria great again com as fábricas de volta e o muro de Trump.
Vai ser hoje. Os entre-aspas que se seguem provêm do livro “Onde Estamos? Uma Outra Visão da História Humana”, de Emmanuel Todd.
A globalização, criada e impulsionada pelos Estados Unidos, tornou-se uma história de sucesso na Ásia, começa a apresentar também alguns bons indicadores na África, mas aumentou a desigualdade económica, a precariedade e a insegurança social no ocidente.
É o caso dos brancos norte-americanos com baixa escolaridade que se viram sujeitos a dois factores de stress simultâneos:
— perderam empregos bem remunerados à medida que as fábricas eram deslocalizadas para países de mão-de-obra mais barata;
— cresceu neles uma “insegurança territorial” à medida que, no seu país, a percentagem de habitantes nascidos no estrangeiro passava de 5 para 16%.
Já se sabe: um caldeirão assim produz ressentimento, remexe directamente na “base primitiva da democracia, a sua necessidade de um Outro e portanto da xenofobia”. Para eles a América não era great, para eles a América só seria great again com as fábricas de volta e o muro de Trump.
Daqui |
Mas há pior. Estudos de Anne Case e Angus Deaton, da Universidade de Princeton, mostraram um fenómeno demográfico único. Enquanto a esperança de vida aumenta em todo o lado, nos EUA, entre 1999 e 2013, houve “uma subida da mortalidade no seio da população branca com idades compreendidas entre 45 e 54 anos”, cujas causas “são claramente de ordem psico-social: envenenamentos, alcoolismo e suicídio”. “Os condados directamente afectados pela concorrência chinesa no plano industrial viram a sua taxa de mortalidade aumentar”, sendo “o suicídio mais do que o envenenamento” a causa principal deste aumento de letalidade.
Não admira que estas pessoas — a quem a sobranceria de Hillary Clinton chamou “deploráveis” — tenham votado no isolacionismo de Trump.
O candidato democrata Joe Biden precisa de ter respostas políticas que tragam esperança a estes “vencidos da globalização” se quiser ganhar em Novembro.
Não admira que estas pessoas — a quem a sobranceria de Hillary Clinton chamou “deploráveis” — tenham votado no isolacionismo de Trump.
O candidato democrata Joe Biden precisa de ter respostas políticas que tragam esperança a estes “vencidos da globalização” se quiser ganhar em Novembro.
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