De sobressalto em sobressalto*
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A quem ainda duvidava das teorias do caos, a quem descria que o bater de asas de uma borboleta na serra da Arada pode causar um tufão nas Caraíbas, lembremos este facto recente: o esvoaçar de um morcego num mercado da China aumentou a venda de lixívia no país de Trump.
Portugal, que dá às asas pelo mundo fora há quase nove séculos, também tem tido a sua dose de sarilhos. Ainda não tivemos terror jiadista, mas nos últimos anos andamos de sobressalto em sobressalto: a bancarrota (2011/2014), os incêndios (2017), o sindicato do Pardal e os combustíveis (2019). E, este ano, a peste.
O tsunami global da Covid-19 vai ficar marcado nas memórias de todos, ricos e pobres, novos e velhos. Descobrimo-nos frágeis, o nosso mundo dependente de um espirro, tudo a abanar, o emprego, as certezas, os pequenos e grandes projectos.
Tivemos que aprender que raio são crescimentos exponenciais, como lavar mãos, higienizar superfícies, quarentenar compras, perceber o menu da Netflix, burquizar o rosto, não levar as mãos à cara por maior que seja a comichão.
Durante esta desgraça, o “eu” hipermoderno, cheio de manias e nariz empinado, apequenou-se, pelo menos para já. E o “nós”, que sabe que todos dependemos de todos, engrandou-se, pelo menos para já.
Seria bom que fossem dadas condições a este “nós” para se agregar em colectivos de gente comum, gente livre, gente de trabalho, gente capaz de reconstruir o que o vírus destruiu.
Seria bom que fosse assim mas, infelizmente, não vai ser.
Os dinheiros que hão-de vir da “Europa” vão ser controlados pelas burocracias, os rentistas e as clientelas. A Covid-19 empobreceu-nos, tirou-nos liberdade e pôs-nos ainda mais dependentes do Estado.
Esta pobreza e dependência vai ser um paraíso para os populistas de esquerda e de direita.
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A quem ainda duvidava das teorias do caos, a quem descria que o bater de asas de uma borboleta na serra da Arada pode causar um tufão nas Caraíbas, lembremos este facto recente: o esvoaçar de um morcego num mercado da China aumentou a venda de lixívia no país de Trump.
Portugal, que dá às asas pelo mundo fora há quase nove séculos, também tem tido a sua dose de sarilhos. Ainda não tivemos terror jiadista, mas nos últimos anos andamos de sobressalto em sobressalto: a bancarrota (2011/2014), os incêndios (2017), o sindicato do Pardal e os combustíveis (2019). E, este ano, a peste.
O tsunami global da Covid-19 vai ficar marcado nas memórias de todos, ricos e pobres, novos e velhos. Descobrimo-nos frágeis, o nosso mundo dependente de um espirro, tudo a abanar, o emprego, as certezas, os pequenos e grandes projectos.
Fotografia de Yohann Libot |
Durante esta desgraça, o “eu” hipermoderno, cheio de manias e nariz empinado, apequenou-se, pelo menos para já. E o “nós”, que sabe que todos dependemos de todos, engrandou-se, pelo menos para já.
Seria bom que fossem dadas condições a este “nós” para se agregar em colectivos de gente comum, gente livre, gente de trabalho, gente capaz de reconstruir o que o vírus destruiu.
Seria bom que fosse assim mas, infelizmente, não vai ser.
Os dinheiros que hão-de vir da “Europa” vão ser controlados pelas burocracias, os rentistas e as clientelas. A Covid-19 empobreceu-nos, tirou-nos liberdade e pôs-nos ainda mais dependentes do Estado.
Esta pobreza e dependência vai ser um paraíso para os populistas de esquerda e de direita.
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