Falar pelos pobres *
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 14 de Maio de 2010
1. Começo a escrever este Olho de Gato na terça-feira de manhã quando o avião de Bento XVI ainda vem no ar, numa rota ao abrigo das cinzas do vulcão Eyjafjallajokull.
A visita do papa tem impacto no país e cria expectativa. Há uma pergunta no ar: “o que é que Bento XVI vai dizer?”
Pedro da Silva Pereira, em artigo no Expresso da semana passada, depois de descrever as reformas decorrentes da nova concordata, não resistiu e, profilático, escreveu: “A questão social, à luz da maior crise económica dos últimos 80 anos, não deixará de ocupar um lugar importante nas mensagens do papa.”
O ministro, em boa forma apesar destes tempos difíceis e vulcânicos, tentou diluir a crise portuguesa na crise global. Mas a expectativa existe – “o que vai dizer o papa?”
Há uns tempos, quando já se sabia quem iam ser as vítimas principais do PEC, perguntei a um destacado membro da nossa diocese:
«Quando é que a Igreja começa a falar, como é sua obrigação, pelos pobres?»
«Espere pela visita do papa» – foi a resposta que obtive.
2. Como diz Slavoj Žižek em “A Marioneta e o Anão”:
“hoje há cristãos, muçulmanos e budistas em todos os países do mundo” e estes tempos globalizados que vivemos fazem com que a religião fique secundarizada perante o “funcionamento profano da totalidade social”.
Assim, diz Žižek:
“há dois papéis possíveis para ela: terapêutico ou crítico – [a religião] ou ajuda os indivíduos a funcionarem cada vez melhor na ordem existente ou procura afirmar-se como uma instância crítica e dizer o que está errado nessa ordem”.
Faz-nos falta uma voz crítica como a de D. Manuel Martins, o bispo de Setúbal nos anos de 1980.
Desgraçados tempos aqueles.
Desgraçados tempos estes - não é preciso lembrar-lho, D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu.
1. Começo a escrever este Olho de Gato na terça-feira de manhã quando o avião de Bento XVI ainda vem no ar, numa rota ao abrigo das cinzas do vulcão Eyjafjallajokull.
A visita do papa tem impacto no país e cria expectativa. Há uma pergunta no ar: “o que é que Bento XVI vai dizer?”
Pedro da Silva Pereira, em artigo no Expresso da semana passada, depois de descrever as reformas decorrentes da nova concordata, não resistiu e, profilático, escreveu: “A questão social, à luz da maior crise económica dos últimos 80 anos, não deixará de ocupar um lugar importante nas mensagens do papa.”
O ministro, em boa forma apesar destes tempos difíceis e vulcânicos, tentou diluir a crise portuguesa na crise global. Mas a expectativa existe – “o que vai dizer o papa?”
Há uns tempos, quando já se sabia quem iam ser as vítimas principais do PEC, perguntei a um destacado membro da nossa diocese:
«Quando é que a Igreja começa a falar, como é sua obrigação, pelos pobres?»
«Espere pela visita do papa» – foi a resposta que obtive.
2. Como diz Slavoj Žižek em “A Marioneta e o Anão”:
“hoje há cristãos, muçulmanos e budistas em todos os países do mundo” e estes tempos globalizados que vivemos fazem com que a religião fique secundarizada perante o “funcionamento profano da totalidade social”.
Fotografia da Agência Lusa daqui |
“há dois papéis possíveis para ela: terapêutico ou crítico – [a religião] ou ajuda os indivíduos a funcionarem cada vez melhor na ordem existente ou procura afirmar-se como uma instância crítica e dizer o que está errado nessa ordem”.
Faz-nos falta uma voz crítica como a de D. Manuel Martins, o bispo de Setúbal nos anos de 1980.
Desgraçados tempos aqueles.
Desgraçados tempos estes - não é preciso lembrar-lho, D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu.
Pobre política!
ResponderEliminarVoltámos ao espírito de "união nacional”?
Este unanimismo à volta de Marcelo é doentio.
É incompreensível como o PS não tem candidato próprio a PR (outra vez).
Não há política; há conveniências.
Na verdade, merecíamos ser governados (efectivamente) pelos Dupond e Dupont – Costa/Rio!