Um-dólar-um-voto*

* Hoje no Jornal do Centro

1. As democracias precisam de mecanismos de controlo do pilim gasto nas campanhas para que as eleições sejam o mais possível “um-homem-um-voto” e sejam o menos possível “um-dólar-um-voto”.

Esta referência ao dólar tem a ver com o tema deste Olho de Gato: a actual campanha presidencial nos Estados Unidos, onde o dinheiro está a falar altíssimo por causa de duas deliberações do Supremo Tribunal:

— em 2010, deixou de haver limites às contribuições individuais, empresariais, sindicais ou outras, aos super-PACs (comités de acção política);

— em 2014, deixou de haver limites às contribuições individuais a campanhas federais.

São estas péssimas decisões que permitem ao giga-milionário Michael Bloomberg derreter 310 milhões de dólares em propaganda e, em pouco tempo, subir ao segundo lugar nas sondagens das primárias democráticas. É já na próxima “super-terça-feira” que se vai ver se o homem é capaz de derrotar Bernie Sanders ou se andou a deitar aqueles balúrdios ao Rio Hudson. Se for esse o caso, não fica pobre.


Fotografia daqui (editada)

Desta vez, Sanders está a alargar a sua base de apoio afro-americana (que lhe foi hostil há quatro anos) e, sem surpresa, mantém um elevado apoio entre os jovens.

É que a precariedade e os baixos salários puseram os jovens de novo na dependência dos pais. Para eles não há liberdade no mercado neoliberal, para eles a esperança de liberdade pessoal reside no Estado. Por isso, dois em cada três eleitores com menos de 30 anos que acorreram às primárias do Nevada votaram no “socialismo” do velho Bernie.

Como tanto o eleitorado de Sanders como o de Trump (cuja racionalidade de voto descreverei em futuro texto) são anti-globalização e anti-livre-comércio, será interessante ver o que vão fazer nos próximos meses as grandes metrópoles, Wall Street, as universidades e os gigantes tecnológicos que querem uns EUA abertos ao mundo.

2. Em 2017, a geringonça deu-nos como certa a construção do Centro Oncológico. Agora deu o dito por não dito. 
Viseu fica-se?

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