No quiosque*
* Hoje no Jornal do Centro
Este texto sai numa sexta-feira-13 mas dele não vem azar ao mundo. É que pra melhor está bem, está bem, pra pior já basta assim. Entremos num quiosque.
Tanto em dias de sorte como em dias de azar, as viúvas raspadinham muito na payshop do bairro, enquanto o esperto canito de orelhas espetadas espera à porta do estabelecimento autorizado pela santa casa.
«Dê-me-uma-da-Recompensa-senhor-Albino.»
«Vai-ser-desta-dona-Antónia?»
«Deus-o-ouça-senhor-Albino!»
«Correu-bem-dona-Antónia?»
«Senhor-Albino-as-da-Recompensa-estão-furadas-dê-me-uma-do-Pé-de-Meia.»
Um cota, todo Old Spice na cara escanhoada, de calças largonas, blusão de cabedal e uns earbuds espetados nos canais auditivos, trauteia o “Don't panic”, dos Coldplay, enquanto vê as notícias no Correio da Manhã sobre o coronavírus e indaga na Lux sobre o AVC da dona Dolores.
«Senhor-Abílio-dê-me-um-Amesterdamer-e-as-mortalhas-e-os-filtros-do-costume.»
«Ó-homem-tenho-aqui-umas-máquinas-que-fazem-cigarros-perfeitos...»
«Nããã-gosto-de-ser-eu-a-enrolar-os-meus-cigarros...»
Abastecido e feliz, o cota sai e faz uma festa ao caniche da dona Antónia. No carnaval, enquanto a ex dele publicava no Facebook fotografias do seu novo morcão de máscara cirúrgica na Praça de S. Marcos, ele instagramou fotografias da filha ao lado de vários caretos de Lazarim. Tão bom aquele entrudo castiço, os compadres a chamarem fressureiras às comadres e estas a duvidarem da força na verga deles.
Agora, sabido o que é sabido sobre a Itália, a filha não vai regressar para ao pé da ex e do asmático novo dela, a filha fica com ele. É uma quarentena quaresmal.
“We live in a beautiful world / Yeah we do / Yeah we do / We live in a beautiful world”, canta-lhe para dentro das orelhas o Chris “don't panic” Martin, enquanto, cheio de competência, ele enrola, com as unhas amarelas da nicotina, o primeiro cigarro da sexta-feita-13.
Este texto sai numa sexta-feira-13 mas dele não vem azar ao mundo. É que pra melhor está bem, está bem, pra pior já basta assim. Entremos num quiosque.
Tanto em dias de sorte como em dias de azar, as viúvas raspadinham muito na payshop do bairro, enquanto o esperto canito de orelhas espetadas espera à porta do estabelecimento autorizado pela santa casa.
«Dê-me-uma-da-Recompensa-senhor-Albino.»
«Vai-ser-desta-dona-Antónia?»
«Deus-o-ouça-senhor-Albino!»
«Correu-bem-dona-Antónia?»
«Senhor-Albino-as-da-Recompensa-estão-furadas-dê-me-uma-do-Pé-de-Meia.»
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«Senhor-Abílio-dê-me-um-Amesterdamer-e-as-mortalhas-e-os-filtros-do-costume.»
«Ó-homem-tenho-aqui-umas-máquinas-que-fazem-cigarros-perfeitos...»
«Nããã-gosto-de-ser-eu-a-enrolar-os-meus-cigarros...»
Abastecido e feliz, o cota sai e faz uma festa ao caniche da dona Antónia. No carnaval, enquanto a ex dele publicava no Facebook fotografias do seu novo morcão de máscara cirúrgica na Praça de S. Marcos, ele instagramou fotografias da filha ao lado de vários caretos de Lazarim. Tão bom aquele entrudo castiço, os compadres a chamarem fressureiras às comadres e estas a duvidarem da força na verga deles.
Agora, sabido o que é sabido sobre a Itália, a filha não vai regressar para ao pé da ex e do asmático novo dela, a filha fica com ele. É uma quarentena quaresmal.
“We live in a beautiful world / Yeah we do / Yeah we do / We live in a beautiful world”, canta-lhe para dentro das orelhas o Chris “don't panic” Martin, enquanto, cheio de competência, ele enrola, com as unhas amarelas da nicotina, o primeiro cigarro da sexta-feita-13.
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