O chupismo centralista*

* Hoje no Jornal do Centro

Daqui
1. Continuamos atolados no pântano que António Guterres anunciou antes de se ter escapulido, pântano que tem duas características:
— mistura a política com os negócios: os boys têm pressa de enriquecer, fazem ajustes directos por tudo e um par de botas e assinam contratos que são um maná para os rentistas;
— é hiper-centralista: usa a necessidade do controlo do défice como pretexto para concentrar todo o poder de decisão em Lisboa, com consequências nefastas no resto do país, especialmente no interior.

As pessoas ficam indignadas com as negociatas mas encolhem os ombros perante o centralismo. Cada vez mais, o país é Lisboa e o resto é paisagem.

Isso é mau, facilita a vida à corrupção e fica muito caro ao país. Um exemplo: até ao governo do engenheiro Guterres, as escolas e os hospitais compravam os consumíveis localmente, depois este tipo de aquisições passou a ser feito em centrais de compras em Lisboa. Não fica mais barato ao estado, mas serve para passar para as mãos de grandes operadores amigos do poder aquilo que sempre fora para os pequenos e médios negócios locais.

2. Os governos levam para Lisboa todo o poder e todos os recursos que podem. Agora até já só fazem obras da sua responsabilidade nos territórios se as câmaras ajudarem a pagar.

A requalificação da escola Grão Vasco de Viseu foi feita com fundos comunitários mas a comparticipação nacional de 195 mil euros teve que ser paga pelo município. O dono da escola, o ministério da educação, baldou-se.

A saturada e perigosa estrada que liga Viseu ao Sátão, que dá acesso a todo o norte do distrito, precisa de obras urgentes, orçadas em 3,3 milhões de euros, mas o governo, dono da estrada, diz que só as faz depois de chupar um milhão de euros à câmara de Viseu e 400 mil à câmara do Sátão.

E os dois presidentes de câmara estão dispostos a aceitar esta chantagem. E a ANMP, dirigida pelo fraquíssimo presidente da câmara de Coimbra, aceita estas chantagens.

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