O íman centralista*

* Hoje no Jornal do Centro



Daqui
Depois de 38 mil milhões de euros de receita global das privatizações, depois do aumento doido da dívida pública em 165 mil milhões de euros a seguir a Guterres ter abandonado o pântano, depois da transferência global de 130 milhões de euros de fundos comunitários que era suposto servirem para desenvolver as regiões mais pobres, o país está mais desigual do que nunca, com a riqueza e a população empilhadas no litoral.

Barroso e Sócrates fingiram que controlavam o défice, com truques contabilísticos e receitas extraordinárias. Passos e Costa, depois da bancarrota de 2011, controlaram-no mesmo. Numa coisa não houve diferença nenhuma entre estes quatro primeiros-ministros: todos eles usaram o pretexto do controlo do défice para centralizar, cada vez mais, todo o poder em Lisboa.

O ex-secretário de estado do ensino superior e professor de economia José Reis, aqui no Jornal do Centro, quantificou o que nos está a acontecer: de "2001 a 2017, o país perdeu 1% da sua população, mas na Área Metropolitana de Lisboa aumentou 5,8%. A própria Área Metropolitana do Porto perdeu 1%. O Norte, o Centro e o Alentejo perderam respectivamente 3,2%, 5,1% e 8,3%."

Lisboa é um íman que despovoa já não só o interior, mas todo o país. José Reis faz o diagnóstico exacto do que é agora Portugal: "um país unipolar, unicamente centrado e concentrado em Lisboa, com uma forte deslocação interna de recursos e uma desestruturação dos demais lugares".

Como o actual poder socialista é comandado por gente que gastou os fundilhos das calças na câmara de Lisboa, por gente que se casou e se nomeia para os gabinetes entre si, por gente que vai ganhar as próximas eleições, este panorama centralista dificilmente mudará.

O interior precisa de uma fiscalidade substancialmente mais baixa em IRC, IRS e IMI, que atraia investimento e gente. Partidos que forem omissos nestas propostas não merecem o nosso voto.

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