Medo*
* Hoje no Jornal do Centro
1. Todas as campanhas eleitorais usam o medo para ganhar votos. Umas mais, outras menos, nenhuma dispensa a retórica da guerra entre o “nós”, onde mora a virtude, e o “eles”, onde habita o perigo.
Até não há muito tempo, esta batalha na lama tinha que ser protagonizada por políticos, com o microfone à frente, à vista de toda a gente. Agora os políticos de primeira linha já raramente fazem essa triste figurinha. As mensagens mais mentirosas são deixadas para as redes sociais e para a comunicação mais endereçada (WhatsApp, Messenger e afins).
O impacto deste lixo mal-cheiroso na decisão de voto é muito difícil de avaliar e troca com frequência as voltas às sondagens, como se viu recentemente na Austrália, ou, em 2016, com o Brexit e Trump.
Por cá, o medo também vai ser usado na próxima campanha das legislativas, mas com pouco sucesso por duas razões óbvias: a geringonça descrispou o país e as eleições têm vencedor anunciado.
É claro que poderão ser enviados para os telemóveis dos funcionários públicos memes toscos com um penteado de Assunção Cristas a dizer “vêm aí outra vez as 40 horas!”, ou produtos similares a flagelarem outros líderes, mas não é provável que se tornem virais.
2. Deixemos as catacumbas da propaganda política e debrucemo-nos agora sobre o medo que está a ser debatido às claras no espaço público, e que descrevi aqui em Outubro de 2018: “no próximo ano só vai haver um assunto político — a maioria absoluta do PS. Os socialistas vão fazer tudo para a obter, os outros partidos vão fazer tudo para a evitar.”
A dez semanas das eleições, esse risco é mais visível. É que, à medida que Rui Rio se afunda e o bloco vai parecendo o novo dono disto tudo, mais aumenta a probabilidade de um jackpot eleitoral do PS.
E convém lembrar: uma maioria absoluta de um só partido mete mesmo medo, basta lembrar o negocismo arrogante e autoritário dos únicos primeiros-ministros que a obtiveram — Cavaco e Sócrates.
1. Todas as campanhas eleitorais usam o medo para ganhar votos. Umas mais, outras menos, nenhuma dispensa a retórica da guerra entre o “nós”, onde mora a virtude, e o “eles”, onde habita o perigo.
Até não há muito tempo, esta batalha na lama tinha que ser protagonizada por políticos, com o microfone à frente, à vista de toda a gente. Agora os políticos de primeira linha já raramente fazem essa triste figurinha. As mensagens mais mentirosas são deixadas para as redes sociais e para a comunicação mais endereçada (WhatsApp, Messenger e afins).
O impacto deste lixo mal-cheiroso na decisão de voto é muito difícil de avaliar e troca com frequência as voltas às sondagens, como se viu recentemente na Austrália, ou, em 2016, com o Brexit e Trump.
Por cá, o medo também vai ser usado na próxima campanha das legislativas, mas com pouco sucesso por duas razões óbvias: a geringonça descrispou o país e as eleições têm vencedor anunciado.
É claro que poderão ser enviados para os telemóveis dos funcionários públicos memes toscos com um penteado de Assunção Cristas a dizer “vêm aí outra vez as 40 horas!”, ou produtos similares a flagelarem outros líderes, mas não é provável que se tornem virais.
Edição em cima de uma fotografia de Rui Ochoa |
A dez semanas das eleições, esse risco é mais visível. É que, à medida que Rui Rio se afunda e o bloco vai parecendo o novo dono disto tudo, mais aumenta a probabilidade de um jackpot eleitoral do PS.
E convém lembrar: uma maioria absoluta de um só partido mete mesmo medo, basta lembrar o negocismo arrogante e autoritário dos únicos primeiros-ministros que a obtiveram — Cavaco e Sócrates.
Excelente!
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