Eleições 2009 (III)*

* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 17 de Julho de 2009

1. As legislativas e autárquicas deviam ter sido marcadas para o mesmo dia e não separadas por duas semanas. Vamos ter um mês seguido de campanha eleitoral a estragar dinheiro e a cansar as pessoas.

Os partidos fizeram contas de cabeça estúpidas. O PSD julgou que tirava vantagem em eleições simultâneas. Todos os outros partidos pensaram o mesmo e, por isso, defenderam eleições separadas.

A classe política ainda não percebeu que as pessoas sabem bem o que querem. Quem faz uma cruzinha em três papéis diferentes nas autárquicas, faz perfeitamente em quatro. As pessoas evoluíram. Os partidos não. São um atraso de vida.

Nas campanhas das autárquicas gastam-se quantidades obscenas de dinheiro, muito mais que nas legislativas. Os eleitores vão ficar saturados e revoltados. Não ficarei nada admirado que, das legislativas para as autárquicas, a abstenção cresça entre 600 a 750 mil eleitores.

No futuro devem-se juntar eleições sempre que possível. É conveniente mudar a lei dos referendos para poderem ser feitos vários no mesmo dia e em conjunto com outras eleições, de forma a virmos a ter referendos com resultados vinculativos.

2. Três semanas antes das europeias escrevi aqui:
«A asneira cometida com as multi-candidaturas de Ana Gomes e Elisa Ferreira já não tem remédio. Que sirva de lição para as eleições do Outono. Ao PS e aos outros partidos.»

José Sócrates emendou a asneira. Fez bem. Mais vale tarde do que nunca.

Uns deputados do PS que queriam ser omnicandidatos vieram para os media queixarem-se de “mudança das regras a meio do jogo”. Problemas de umbigo. Nada de grave.

Mais uma vez se viu que, nos partidos, a ética tem sempre que ser imposta de cima para baixo.

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