Água no Rossio*

* Hoje no Jornal do Centro

1. O comentariado e as redes sociais começaram o ano à procura do “fascista português”.

Tudo começou quando um suástico foi à TVI, ao programa do Goucha. A partir daí, os líderes de opinião proclamaram que o país estava perdido. Que havia lepénicos em cada esquina pagos pelo Trump. Que a extrema-direita ia eleger vários deputados nas europeias.

Aquele “vem-lobo!” teve o seu ponto mais histérico no jornal Público, na forma de um manifesto subscrito por centenas de individualidades e colectivos, intitulado “O racismo e o fascismo não passarão!”, que exigia aos poderes públicos uma “sanção efectiva” a “todos os órgãos de comunicação social, empresas e pessoas” propagadores “de atitudes e discursos racistas, fascistas, homofóbicos e sexistas.” Eram solicitadas sanções efectivas, sanções mesmo à bruta, sanções mesmo mesmo à séria, a todos os hereges que não sigam a linguagem virtuosa dos signatários.

Entretanto, o mesmo Público publicou agora um texto racista de Fátima Bonifácio. Resultado: por causa dos parágrafos mal-enjorcados da Bonifácio, o comentariado e as redes sociais estão outra vez histéricos. Ainda sai praí outro manifesto a pedir, desta vez, fogueira para os ímpios que desrespeitem os comandamentos da santa madre igreja do politicamente correcto.

2. Os municípios de Viseu, Sátão, Nelas, Mangualde e Penalva do Castelo decidiram avançar para a construção de uma barragem que abasteça de água estes cinco concelhos. Excelente.

É importante fazer tudo para que sejam afastados, de vez, dois perigos: o de ficarmos dependentes da Águas de Portugal e dos seus boys e o de precisarmos de transvases provenientes de barragens de fora da região.

Fotografia Olho de Gato
3. Espera-se que a câmara de Viseu não esteja à espera da água da nova barragem para lavar o Rossio.

A “sala de visitas” da cidade nunca esteve tão porca e desleixada. Tem, em toda ela, uma gosma negra que se agarra aos sapatos de quem lá passa e à roupa de quem se senta nos bancos.

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