Corpo de trabalho

Fotografia de Pawel Szvmanski

Cansada de ver o pouco que valho
Este corpo que é todo
Um corpo de trabalho
Escravo demente dos dias ruins
Que bóia e espera o golpe de rins

Com papo vazio e o peito apertado
Passo-te, cega, a mão pelo pêlo
O coração na boca o palato suado
A cara de caso o nariz empinado
Tenho as costas largas e a língua num novelo
Não dou o braço a torcer por dor de cotovelo


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