Nitrato do Chile*
* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 5 de Dezembro de 2008
1. Nas primeiras décadas do século passado, a companhia Nitrato do Chile vendia em Portugal e Espanha o guano, um fertilizante obtido a partir dos excrementos de aves e morcegos. O guano que chegava do Chile era um bom adubo. Era uma esperança para a colheita dos nossos agricultores.
Pelo país fora, ainda se encontra publicidade ao nitrato do Chile. São painéis de azulejos amarelos e pretos, com a silhueta de um cavaleiro, e o slogan “Adubai com Nitrato do Chile”. Um desses painéis resiste heroicamente na N16, na estrada S. Pedro Sul – Viseu, perto da rotunda de Abraveses.
Muitas décadas depois, Maria de Lurdes Rodrigues foi arranjar uma avaliação de professores ao Chile, ao exacto sítio de onde outrora vinha o guano. A colheita nas escolas não melhorou nada.
2. Quantos mais remendos leva, mais a avaliação de professores marca passo no interior de um labirinto. Isso não é bom para a escola pública. Os professores deviam propor um modelo de avaliação rigoroso e transparente para aplicar ainda este ano-lectivo.
Esse modelo SOS podia e devia ter dois momentos:
(i) relatório crítico feito pelo docente e sujeito ao escrutínio de toda a comunidade escolar;
(ii) defesa do relatório em provas públicas (nos casos de progressão na carreira).
No médio prazo é necessário introduzir a supervisão educativa nas escolas. A qualidade de um professor vê-se na sala de aula. É necessária uma observação sistemática de aulas. Depois, com a rotina, os professores e os alunos ficam espontâneos com os supervisores.
Observar só duas aulas – como agora é defendido – não serve para nada. São duas aulas protótipo, artificiais, insignificativas. É um teatro inútil para extenuar ainda mais os professores.
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