Jovens velhos*

* Hoje no Jornal do Centro

1. Os inconseguimentos da justiça no combate à corrupção são uma bomba relógio no coração da terceira república.

É necessário criminalizar o enriquecimento ilícito, meter logo na cadeia os corruptos após condenação em segunda instância, instituir a colaboração premiada para quebrar a omertá corrupta. É necessário, mas o cartel partidário não vai fazer nada disso.

Depois de terem corrido com Joana Marques Vidal, os partidos passaram à fase seguinte: querem domesticar a PGR. Começaram por tentar o controlo político do conselho superior do ministério público, só que, perante a reacção pública, o PS fez um recuo táctico e deixou Rui Rio a fazer o papel de “idiota útil”. Mas ambos vão voltar à carga.

2. A nova líder da JS, em 28 meses de assessorias, recebeu 110 mil euros da câmara de Lisboa. Foram 3928 euros por mês. Quase sete salários mínimos.


Editada a partir de uma fotografia de João Porfírio
 (daqui)
Perante isto, o poderoso Pedro Nuno Santos lembrou, em pleno congresso jotinha, que “a avença que a Maria Begonha recebe não a distingue de nenhum outro assessor das dezenas de assessores” da câmara da capital.

E isso é verdade. É mesmo aquela a tabela dos 124 boys e girls ao “serviço” dos dezassete vereadores alfacinhas. Para se perceber a dimensão desta cadeia alimentar, refira-se que os avençados de um só vereador com pelouro, num mandato, custam 1,3 milhões de euros. E todos os partidos têm lá Begonhas a facturar desta maneira.

3. Os congressos jotas quando não são um bocejo são uma anedota. O último da JS que elegeu Maria Begonha conseguiu ser as duas coisas ao mesmo tempo.

As jotas partidárias deixaram de ter interesse. Dali não sai uma ideia nova, uma proposta articulada, um sobressalto, uma chispa. Ali habita só o conformismo e a ganhuça.

Os seus dirigentes, sempre ao lado do chefe partidário de turno, ficam mais velhos e mais chatos do que ele. É gente que, com a vida tão facilitada, deixa de saber o que custa a vida. Gente que é um atraso de vida.

Comentários

  1. Heranças

    É a terceira vez que o vou escrever neste espaço: corrupção, deveria ser eleita a palavra do ano!

    Não poderia estar mais de acordo com esta frase do Sr Gato: “Os inconseguimentos da justiça no combate à corrupção são uma bomba relógio no coração da terceira república.” Mais do que concordar é a profunda preocupação com o estado de desalento e conformismo das pessoas, face aos perigos que a democracia corre.

    A eleição da Secretária Geral da Juventude Socialista representou a ligeireza, a superficialidade, a incoerência, e a esterilidade de ideias de “gente que, com a vida tão facilitada, deixa de saber o que custa a vida. Gente que é um atraso de vida.”, cito.
    Mas representa também a versatilidade/o jogo de cintura, do padrinho da Srª. Ficámos a conhecer, muito melhor, as “capacidades” políticas de Pedro Nuno Santos e o seu mote: “mais além” que a Geringonça!

    O panorama das “elites políticas” é desolador e a oligarquia predatória e conivente com as viagens falsas, as presenças falsas, os relatórios de conveniência, etc, etc…, NUNCA deveria ter acento num Estado digno que defendesse os seus cidadãos.

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