Vaca seca *
* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 7 de Novembro de 2014
1. Há exactamente quatro anos, no início de Novembro de 2010, os donos da PT decidiram fazer uma distribuição antecipada de dividendos — €1,65 por acção. A venda à Telefónica da sua participação na Vivo tinha sido um jackpot para a PT e eles queriam mungir bem a vaca-leiteira antes do fim do ano, já que em 2011 essas operações iriam pagar mais imposto.
Na altura o estado tinha uma "golden share" na PT que era suposto existir para defender o interesse público mas não foi usada pelo poder político para impedir aquela ordenha. O governo de então deixou ainda a CGD alinhar ao lado do BES e da Ongoing (para só referir os três maiores accionistas).
Como se sabe, Sócrates nos “negócios” foi sempre o contrário de um “animal feroz”; Teixeira dos Santos fez um alerta piedoso para o "dano” daquilo na “reputação” da PT; e o candidato presidencial Manuel Alegre, na Feira dos Santos de Mangualde daquele ano, chamou “imoral” àquela “trova ao dividendo que passa”.
A “golden share” serviu para os governos empregarem boys, serviu para impedir a OPA de Belmiro Azevedo à PT, serviu para a PT instalar uma TDT de quatro canais, quando até a Grécia tem dezassete. A “golden share” serviu para tudo e um par-de-botas, só não serviu para travar aquela vergonhosa fuga aos impostos.
Este episódio e os muitos episódios iguais do rentismo predador e corrupto das nossas “elites” muito contribuíram para que, meio ano depois, um falido Portugal tivesse que pedir a intervenção da Troika.
Já este ano, depois do espírito santo ter secado todo o leite da PT, andam agora para aí catorze ilustres, onde avultam os srs. Bagão Félix, Pacheco Pereira e Francisco Anacleto Louçã, a clamar que se use dinheiro público para “resgatar a PT”.
Porque é que eles não organizam uma “patriótica” recolha de fundos e compram 50,01% das acções da PT? Elas até estão baratas.
2. Voltando à vaca-fria, já está preso alguém no “caso BES”?
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| Fotografia daqui |
Na altura o estado tinha uma "golden share" na PT que era suposto existir para defender o interesse público mas não foi usada pelo poder político para impedir aquela ordenha. O governo de então deixou ainda a CGD alinhar ao lado do BES e da Ongoing (para só referir os três maiores accionistas).
Como se sabe, Sócrates nos “negócios” foi sempre o contrário de um “animal feroz”; Teixeira dos Santos fez um alerta piedoso para o "dano” daquilo na “reputação” da PT; e o candidato presidencial Manuel Alegre, na Feira dos Santos de Mangualde daquele ano, chamou “imoral” àquela “trova ao dividendo que passa”.
A “golden share” serviu para os governos empregarem boys, serviu para impedir a OPA de Belmiro Azevedo à PT, serviu para a PT instalar uma TDT de quatro canais, quando até a Grécia tem dezassete. A “golden share” serviu para tudo e um par-de-botas, só não serviu para travar aquela vergonhosa fuga aos impostos.
Este episódio e os muitos episódios iguais do rentismo predador e corrupto das nossas “elites” muito contribuíram para que, meio ano depois, um falido Portugal tivesse que pedir a intervenção da Troika.
Já este ano, depois do espírito santo ter secado todo o leite da PT, andam agora para aí catorze ilustres, onde avultam os srs. Bagão Félix, Pacheco Pereira e Francisco Anacleto Louçã, a clamar que se use dinheiro público para “resgatar a PT”.
Porque é que eles não organizam uma “patriótica” recolha de fundos e compram 50,01% das acções da PT? Elas até estão baratas.
2. Voltando à vaca-fria, já está preso alguém no “caso BES”?
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