Camisa-de-forças dourada*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 14 de Novembro de 2014
A crise sistémica global começou nos EUA mas fixou-se no velho continente, criando uma fractura entre a Europa protestante e a Europa católica. Parece que regressámos ao século XVI, aos tempos da Reforma e da Contra-Reforma.
O sul tatuou cruzes gamadas em Angela Merkel. De lá, a resposta é: "levantem-se mais cedo, trabalhem mais!" São retóricas que, como agora se diz, estão sempre a "incendiar as redes sociais". A última foi sobre os “demasiados” canudos licenciateiros dos portugueses.
São retóricas muito úteis para os políticos irem construindo "inimigos". Como se sabe, quanto mais fraco é um político, mais ele precisa de “inimigos”.
A guerra norte/sul na "Europa" é um biombo que esconde a impotência das políticas nacionais perante a economia global, perante aquilo a que Thomas Friedman, no seu livro "O Lexus e a Oliveira", chama de «camisa-de-forças dourada».
O capitalismo financeiro impõe aos estados que o sector privado seja o motor do crescimento; inflação baixa e orçamentos equilibrados; eliminação ou abaixamento das tarifas sobre as importações; privatização dos serviços públicos e concorrência na banca, energia e telecomunicações; uma moeda convertível e um mercado de capitais aberto e desregulado; por aí fora...
Os partidos no governo — sejam eles conservadores, liberais ou sociais-democratas — se quiserem aplicar políticas muito diferentes desta "camisa-de-forças", vêem os investidores a fugir, os juros a subir e as bolsas a desmoronarem-se.
As coisas estão assim: mais política é igual a menos economia. Perante esta impotência que torna os partidos instalados todos iguais, os eleitorados do sul estão a fugir para partidos novos que, pelo menos, ainda não estão sujos pela corrupção.
Para o ano, o PAN e o PDR de Marinho e Pinto devem entrar no parlamento. E se José Gomes Ferreira for a votos, como acaba de “ameaçar”, as coisas levarão mesmo uma grande volta.
A crise sistémica global começou nos EUA mas fixou-se no velho continente, criando uma fractura entre a Europa protestante e a Europa católica. Parece que regressámos ao século XVI, aos tempos da Reforma e da Contra-Reforma.
Imagem daqui |
São retóricas muito úteis para os políticos irem construindo "inimigos". Como se sabe, quanto mais fraco é um político, mais ele precisa de “inimigos”.
A guerra norte/sul na "Europa" é um biombo que esconde a impotência das políticas nacionais perante a economia global, perante aquilo a que Thomas Friedman, no seu livro "O Lexus e a Oliveira", chama de «camisa-de-forças dourada».
O capitalismo financeiro impõe aos estados que o sector privado seja o motor do crescimento; inflação baixa e orçamentos equilibrados; eliminação ou abaixamento das tarifas sobre as importações; privatização dos serviços públicos e concorrência na banca, energia e telecomunicações; uma moeda convertível e um mercado de capitais aberto e desregulado; por aí fora...
Os partidos no governo — sejam eles conservadores, liberais ou sociais-democratas — se quiserem aplicar políticas muito diferentes desta "camisa-de-forças", vêem os investidores a fugir, os juros a subir e as bolsas a desmoronarem-se.
As coisas estão assim: mais política é igual a menos economia. Perante esta impotência que torna os partidos instalados todos iguais, os eleitorados do sul estão a fugir para partidos novos que, pelo menos, ainda não estão sujos pela corrupção.
Para o ano, o PAN e o PDR de Marinho e Pinto devem entrar no parlamento. E se José Gomes Ferreira for a votos, como acaba de “ameaçar”, as coisas levarão mesmo uma grande volta.
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