Abaixo-de-cão*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 21 de Novembro de 2014
1. Na semana passada aqui no Jornal do Centro, Manuela Barreto Nunes contou uma experiência levada a cabo por Doris Lessing quando já era uma escritora muito conhecida e decidiu escrever com pseudónimo “Os Diários de Jane Somers”.
Doris queria saber o que acontece a “uma nova escritora, sem o benefício de um nome”? Muito mal comparado, tipo Paris Hilton a perguntar ao espelho: «sou amada pelo meu corpo ou pela minha fama?»
Sem surpresa, “Jane Somers” vendeu pouco e recebeu críticas frias. O “hermeneuta” do Los Angeles Times, por exemplo, carimbou-lhe a prosa de “críptica”, e acrescentou que era “um pouco como uma linda camisola tricotada por uma mulher com artrite”. Os críticos costumam ser assim cruéis com os “underdogs”.
Sexta-feira, 12 de Janeiro de 2007, hora de ponta. Junto a uma escada do metropolitano de Washington, um homem de jeans e t-shirt pega no seu violino, coloca um saco aberto com algumas moedas à sua frente, e começa a tocar "Chacone" de Bach. Durante quarenta e três minutos, ele toca seis peças. Passam 1070 pessoas. Sete param para o ouvir. Trinta e sete dão dinheiro. Ao todo 32 dólares.
O violinista era Joshua Bell, um dos melhores do mundo, a tocar num Stradivarius de 1713 que valia mais de três milhões de dólares. Há vídeo disto no YouTube.
Quer Doris Lessing quer Joshua Bell provam que para se ser bem sucedido dá jeito ser conhecido. Que o “sucesso faz sucesso”. Aqueles livros depois, já sem pseudónimo, venderam milhões; três dias depois daquele seu número “abaixo-de-cão” no metro, Bell esgotou um enorme auditório, a cem dólares o bilhete.
Ao contrário, os casos em que um “underdog” se torna numa celebridade são mais inspiradores. Um exemplo: Susan Boyle.
2. Somada ao absentismo de Hélder Amaral na câmara, a saída agora de Fernando Figueiredo da assembleia municipal deixa o CDS-Viseu muito mal perante o seu eleitorado.
1. Na semana passada aqui no Jornal do Centro, Manuela Barreto Nunes contou uma experiência levada a cabo por Doris Lessing quando já era uma escritora muito conhecida e decidiu escrever com pseudónimo “Os Diários de Jane Somers”.
Doris queria saber o que acontece a “uma nova escritora, sem o benefício de um nome”? Muito mal comparado, tipo Paris Hilton a perguntar ao espelho: «sou amada pelo meu corpo ou pela minha fama?»
Sem surpresa, “Jane Somers” vendeu pouco e recebeu críticas frias. O “hermeneuta” do Los Angeles Times, por exemplo, carimbou-lhe a prosa de “críptica”, e acrescentou que era “um pouco como uma linda camisola tricotada por uma mulher com artrite”. Os críticos costumam ser assim cruéis com os “underdogs”.
Sexta-feira, 12 de Janeiro de 2007, hora de ponta. Junto a uma escada do metropolitano de Washington, um homem de jeans e t-shirt pega no seu violino, coloca um saco aberto com algumas moedas à sua frente, e começa a tocar "Chacone" de Bach. Durante quarenta e três minutos, ele toca seis peças. Passam 1070 pessoas. Sete param para o ouvir. Trinta e sete dão dinheiro. Ao todo 32 dólares.
O violinista era Joshua Bell, um dos melhores do mundo, a tocar num Stradivarius de 1713 que valia mais de três milhões de dólares. Há vídeo disto no YouTube.
Quer Doris Lessing quer Joshua Bell provam que para se ser bem sucedido dá jeito ser conhecido. Que o “sucesso faz sucesso”. Aqueles livros depois, já sem pseudónimo, venderam milhões; três dias depois daquele seu número “abaixo-de-cão” no metro, Bell esgotou um enorme auditório, a cem dólares o bilhete.
Ao contrário, os casos em que um “underdog” se torna numa celebridade são mais inspiradores. Um exemplo: Susan Boyle.
2. Somada ao absentismo de Hélder Amaral na câmara, a saída agora de Fernando Figueiredo da assembleia municipal deixa o CDS-Viseu muito mal perante o seu eleitorado.
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