25 de Novembro — festejações e execrações e ressacas

Nas redes sociais e no comentariado anda, há já algum tempo, uma conversa pegada sobre as datas do PREC, uma conversa cheia de celebrações, congratulações, execrações, aversões.

E o assunto é tão polposo que até tem comissários com papel timbrado, gente com "chofer" e chefe de gabinete e preferidos e preferências a quem são entregues as encomendas celebrativas oficiais. 

E o assunto é "adversarial" porque há quem se julgue dono das datas mais marcantes daqueles anos prodigiosos de 1974 e 1975.

E estes adversarialismos não causam grande admiração nem sobressalto porque:
— nas redes sociais, os wokes e os fachos adoram e dependem destas guerras de alecrim e manjerona; 
— nas madraças universitárias, há muita carreira académica alicerçada na "história" dita crítica, isto é, numa "estória" da treta com agenda política e nada preocupada com os factos e com a verdade; 
— nos media, por uma necessidade ainda mais chã, porque há que encher chouriços e efémerides como estas dão sempre para disfarçar a falta de assunto e vão entretendo o estimadíssimo público.

Tudo isto deve ser visto com bonomia e sem dramas: cada um que festeje ou execre o que mais lhe aprouver, sozinho ou acompanhado.

Datas do PREC e respectivas afinidades partidárias:
25 de Abril de 1974 — PS, PSD, CDS, IL, Livre, PCP, Bloco, PAN, ...
28 de Setembro de 1974 — Chega, CDS, (PP/MFP, PDC, PL)
11 de Março de 1975 — PCP, Bloco
25 de Novembro de 1975 — PS, PSD, CDS, IL, Chega

As minhas duas datas:
—— 25 de ABRIL SEMPRE!
Canção: "Grândola, Vila Morena", de José Afonso. 

—— 25 de Novembro 
Pela consolidação que fez da democracia, embora em 1975 não tenha ficado entusiasmado com o que aconteceu naquele dia, era novo, meio esquerdista, estava a aprender. 
No dia seguinte, fiquei a compreender muito melhor o rebentamento daquele "abcesso" com a intervenção de Ernesto Melo Antunes na RTP. Foram 16'26" que muito contribuíram para manter o PCP plenamente integrado na nossa democracia e, desse modo, pacificar o país e evitar, como ele disse, que os portugueses se lançassem "uns contra os outros".  

Nas esquerdas, a ressaca do 25 de Novembro teve uma coisa criminosa — o terrorismo das FP25.
E há um momento único, genial, que eterniza essa ressaca: o "FMI", de José Mário Branco.

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