Ovelhas *
* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 28 de Novembro de 2014
1. Ainda haverá intelectuais cuja voz tenha impacto fora das universidades? Tony Judt, no seu livro "Pensar o Século XX", liga o aparecimento dos “intelectuais públicos” à eliminação do analfabetismo e ao advento dos meios de comunicação.
Até 1940, esses intelectuais eram escritores e a sua palavra era escrita nos jornais — Bernard Shaw, Émile Zola, Stefan Zweig, Jean-Paul Sartre, ...
Depois da segunda guerra mundial e até à década de 1970, lembra Judt, a força da rádio e a expansão do ensino superior fizeram com que os professores universitários, especialmente os cientistas sociais, tomassem o lugar de influência que tinha sido dos escritores. Em Portugal, ninguém ganhou voz por causa da anemia da nossa universidade e da censura salazarista.
De qualquer forma, o público disponível para o debate inteligente e aprofundado foi minguando em todos os países. A partir dos anos de 1980, a palavra com impacto passou a vir das televisões. A solidez académica perdeu para a popularidade. O protagonismo deixou de ser dos intelectuais e passou para “comunicadores” capazes de simplificar e abreviar.
A net só acelerou este processo em que, como diz Judt, se acaba a “identificar intelectuais com comentadores de assuntos contemporâneos.”
2. Os seis anos de autoritarismo negocista de Sócrates fizeram avariar o "departamento de qualidade" do PS.
Um exemplo: em 2011, foi apresentado Paulo Campos, o homem dos pórticos e das PPPs, como cabeça de lista na Guarda, distrito atravessado pela A23 e pela A25. Pior: na altura, quer nos órgãos distritais quer nos órgãos nacionais, não se ouviu uma única voz contra essa candidatura tóxica.
No congresso deste fim-de-semana, o PS precisa mandar embora das primeiras filas a tralha socrática. Mas só isso não chega: o partido precisa, ainda mais, que os seus vários órgãos eleitos não continuem habitados por ovelhas que só sabem balir.
1. Ainda haverá intelectuais cuja voz tenha impacto fora das universidades? Tony Judt, no seu livro "Pensar o Século XX", liga o aparecimento dos “intelectuais públicos” à eliminação do analfabetismo e ao advento dos meios de comunicação.
Depois da segunda guerra mundial e até à década de 1970, lembra Judt, a força da rádio e a expansão do ensino superior fizeram com que os professores universitários, especialmente os cientistas sociais, tomassem o lugar de influência que tinha sido dos escritores. Em Portugal, ninguém ganhou voz por causa da anemia da nossa universidade e da censura salazarista.
De qualquer forma, o público disponível para o debate inteligente e aprofundado foi minguando em todos os países. A partir dos anos de 1980, a palavra com impacto passou a vir das televisões. A solidez académica perdeu para a popularidade. O protagonismo deixou de ser dos intelectuais e passou para “comunicadores” capazes de simplificar e abreviar.
A net só acelerou este processo em que, como diz Judt, se acaba a “identificar intelectuais com comentadores de assuntos contemporâneos.”
Fotografia daqui |
Um exemplo: em 2011, foi apresentado Paulo Campos, o homem dos pórticos e das PPPs, como cabeça de lista na Guarda, distrito atravessado pela A23 e pela A25. Pior: na altura, quer nos órgãos distritais quer nos órgãos nacionais, não se ouviu uma única voz contra essa candidatura tóxica.
No congresso deste fim-de-semana, o PS precisa mandar embora das primeiras filas a tralha socrática. Mas só isso não chega: o partido precisa, ainda mais, que os seus vários órgãos eleitos não continuem habitados por ovelhas que só sabem balir.
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