Rimbaud
As noites, as pontes de comboio, a má estrela,
os seus temíveis companheiros não as conheciam;
Mas nessa criança a mentira do retórico
Queimava como uma fornalha: o frio fizera um poeta.
As bebidas que o seu amigo tíbio e lírico
Lhe comprava, perturbavam-lhe os cinco sentidos,
Teimando com todo o nonsense corriqueiro;
Até se alhear dos pecados e da lira.
Os versos eram uma doença específica do ouvido:
a integridade era de menos; parecia
O inferno da infância: devia tentar de novo.
Agora, galopando pela África, ele sonhava
Um novo eu, um filho, um engenheiro,
Cuja verdade mentirosos aceitassem.
W. H. Auden
Trad.: José Alberto Oliveira
Comentários
Enviar um comentário