Populismos *

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 14 de Novembro de 2013



Quer à esquerda quer à direita, o populismo está à solta na velha “europa”.

Todo o populismo europeu é contra a austeridade e defende o estado social. O de direita, além disso, defende também as “identidades” nacionais, isto é, hostiliza a imigração e é anti-europeísta.

Como explica Cas Mudde, o populismo vê as sociedades separadas em dois campos homogéneos e antagónicos: o “povo puro” e a “elite corrupta”. Tornado simples o que é complexo, os populistas vão à procura de votos e estão a ter sucesso junto dos eleitorados, tornando melindrosas as próximas eleições europeias.

Um exemplo da Dinamarca: por respeito pelas dietas islâmicas, foram tiradas as almôndegas de porco, um prato tradicional, das ementas do jardins infantis. Isso está a ser usado com muito sucesso em campanha por Mikkel Dencker, da extrema-direita, como exemplo da “perda de identidade dinamarquesa”.

Em Portugal, o PCP é o mais “patriótico” dos partidos mas não usa assuntos de “identidade” na sua retórica. Estes têm ficado para o CDS quando está fora do poder.

Desde que os centristas são governo nunca mais se viu Hélder Amaral a malhar na ASAE e a defender as nossas morcelas caseiras e o nosso queijo fresco. O que, populismos à parte, é pena. É sempre bom haver alguém capaz de impor bom-senso à ASAE.

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