O "crowdfunding" de Luiz Pacheco e duas leitarias alfacinhas
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"Depois, em 1951, publiquei Discurso Sobre a Reabilitação do Real Quotidiano, do Mário Cesariny, um livro que ele tinha levado ao Gaspar Simões para que lhe desse uma opinião.E foi com esse livro que eu passei a fazer o RSF, a usar o sistema de postalinhos.
{Um postal de resposta paga que encomenda o livro à cobrança. Uma forma de divulgação a que a quase clandestinidade não retira eficácia. Pelo menos a julgar pelas mais de 700 encomendas de Memorando, Mirabolando}."
"[Um dos poemas de Cesariny] chamava-se «Leitaria» e tem um verso mais ou menos assim: «Amanhã há bola, Madame Blanche e parola.»
Fui avisado de que não podia pôr aquilo assim.
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Petites Luxures, aqui |
Fui avisado de que não podia pôr aquilo assim.
Na edição saiu: «Amanhã há bola, bolas de Berlim, parolas», ou coisa parecida...
(...) Havia em Lisboa duas casas afamadas de broches, onde isso era a especialidade da casa: a Madame Blanche, na Rua da Memória, e a Eva, no Largo da Misericórdia, lá num terceiro andar.
Eu disse ao Mário: «Tens que mudar isso, que nós não vamos arriscar o livro por causa de uma palavra que nem é muito importante.»
Esse era um livro sério."
in O CROCODILO QUE VOA, ENTREVISTAS A LUIZ PACHECO, organização e introdução de João Pedro George, Tinta da China, Lisboa (2015), p. 115/116
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