A crise de 2011 *
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 21 de Novembro de 2013
Durante a ofensiva mediática de Sócrates para promover o seu livro sobre a tortura, todos os media torturaram o público com o convite para uma coligação feito por Sócrates a Passos Coelho antes do PEC4, algures em finais de Fevereiro ou início de Março de 2011.
Mário Soares contou, numa entrevista a Joaquim Vieira publicada no livro “Mário Soares, Uma Vida”, que em 24 de Janeiro daquele ano foi chamado a S. Bento por Sócrates e este lhe disse: “Vou fazer uma grande aproximação aos gajos do PSD.” Mário Soares avisou-o: “Ó Sócrates, eu acho que você tem grandes méritos. Mas não pode continuar a fazer buracos.”
E na página seguinte: “Ele tem um temperamento belicoso: gosta de jogar à pancada. Quando o ameaçam, Sócrates dá o soco primeiro — a verdade é essa.”
A exasperação do fundador do PS com o perfil “feroz” de Sócrates fazia sentido: as características do então primeiro-ministro dificultavam uma solução negociada de resposta à pré-bancarrota do país.
Mas em política os estados de alma não são tão importantes como os factos e o facto é que Pedro Passos Coelho fez bem em recusar o convite. Em 2011, um governo PS/PSD faria crescer os extremismos em Portugal, tornando-nos parecidos com a Grécia. Agora estamos mal, mas com um governo do bloco central estaríamos muito pior.
Durante a ofensiva mediática de Sócrates para promover o seu livro sobre a tortura, todos os media torturaram o público com o convite para uma coligação feito por Sócrates a Passos Coelho antes do PEC4, algures em finais de Fevereiro ou início de Março de 2011.
Mário Soares contou, numa entrevista a Joaquim Vieira publicada no livro “Mário Soares, Uma Vida”, que em 24 de Janeiro daquele ano foi chamado a S. Bento por Sócrates e este lhe disse: “Vou fazer uma grande aproximação aos gajos do PSD.” Mário Soares avisou-o: “Ó Sócrates, eu acho que você tem grandes méritos. Mas não pode continuar a fazer buracos.”
E na página seguinte: “Ele tem um temperamento belicoso: gosta de jogar à pancada. Quando o ameaçam, Sócrates dá o soco primeiro — a verdade é essa.”
A exasperação do fundador do PS com o perfil “feroz” de Sócrates fazia sentido: as características do então primeiro-ministro dificultavam uma solução negociada de resposta à pré-bancarrota do país.
Mas em política os estados de alma não são tão importantes como os factos e o facto é que Pedro Passos Coelho fez bem em recusar o convite. Em 2011, um governo PS/PSD faria crescer os extremismos em Portugal, tornando-nos parecidos com a Grécia. Agora estamos mal, mas com um governo do bloco central estaríamos muito pior.
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