Se eu fosse a ti

 

Fotografia de Elliott Erwitt


Se eu fosse a ti amava-me, telefonava, 

não perdia tempo, dizia-me

que sim. 

Não hesitava mais, fugia.

Dava o que tens, o que

tenho, 

para ter o que dás, o que me 

darias. 

Soltava o cabelo, chorava

de prazer, cantava descalça, 

dançava, 

punha em fevereiro um sol

de agosto, 

morria de prazer, não punha 

nenhum mas a este amor, 

inventava 

nomes e verbos novos, 

estremecia 

de medo perante a dúvida de

que fosse 

só um sonho, fugia 

para sempre de ti, de ali, 

comigo. 

Se eu fosse a ti amava-me. 

Dizia-me que sim, vinha

a correr para os meus 

braços, 

ou pelo menos, sei lá, 

respondia às minhas mensagens, às minhas tentativas 

de saber que é feito de ti, telefonava-me, 

que será de nós, dava-me 

um sinal de vida, se eu fosse

a ti. 

Juan Vicente Piqueras

Trad.: João Duarte Rodrigues e Manuel Alberto Valente


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