Boca do lobo, vivo na boca do lobo
Boca do lobo, vivo na boca do lobo. Sentei e lembrei da cota, lembrei-me da velha, a trás do pano que era bota, dormia na esteira, era mesmo mãe grande, e eu já zanzava com a gang, assaltava carros e motas, fumava charros, benzia notas, que não me fazia feliz, não me deixavam completo, nessa vida não quiz morrer no beco do gueto, nessa vida que finjo que levo a desiludir os meus povos, sou esse orgulho que ainda conservo, tipo nós todos vendemos ovos, os espíritos dos ancestrais, vão vir me socorrer, vão vir, vou conseguir desconstruir, o cubo, aqui eu não vou morrer, aqui não é porque é bobo, investir o suor no meu estudo, vou escapar da boca do lobo, esse lobo quer me morder, quer me comer, esse lobo quer me engolir, vivo com um por campo no pico, perdi a minha dama “yabara” na cara do rico, no tico-tico da fuba, na boca da venda, da casa onde fico, tento pagar a minha renda com os pés que pisam a uva, me disseram são teus, as vezes é como a mão que se esconde na luva, em volta no sangue de Deus, esse meu vinho tinto como gotas de chuva, esfomeado e faminto na noite escura e esquiva, como quem te avisa teu amigo é, eu vou fugir desse lobo, esse lobo vai me morder, vai me dormir, esse lobo vai me morder ele vai me engolir.
Paulo Flores
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