Comida nas escolas*
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O Despacho n.º 8127/2021, de 17 de Agosto, redigido e mandado publicar no Diário da República pelo Gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Educação, trata da comida que se pode vender nos bufetes e nas máquinas de venda automática das escolas portuguesas.
Com este diploma, o secretário de estado João Costa tem um objectivo virtuoso: ele quer que os alunos cresçam para cima e não para os lados.
Por isso e para isso, este bem-intencionado despacho faz uma lista do que é proibido vender à juventude esfaimada:
— nada de “pastelaria, designadamente bolos ou pastéis com massa folhada e/ou com creme e/ou cobertura, como palmiers, ...
... jesuítas, mil-folhas, bola de Berlim, donuts, folhados doces, croissants ou bolos tipo queque”; 262 anos depois, nova expulsão dos “jesuítas” das escolas portuguesas (João Costa é um novo Marquês de Pombal, brincou alguém no Facebook).— os “salgados, designadamente rissóis, croquetes, empadas, chamuças, pastéis de massa tenra, pastéis de bacalhau ou folhados salgados” são também exilados para os cafés à volta das escolas;
— para além da razia que faz na pastelaria e nos salgados, este index alimentar tem ainda mais quinze alíneas; a última delas proíbe os gelados (até os Pernas-de-Pau do Sporting, brincou alguém no FB).
Os burocratas do ministério da educação são tão exaustivos que até cansa. Não se julgue que eles estão só ali para retirar comida. É verdade que eles exterminam os “bolos tipo queque”, mas, ralados com a raleza das sandes, recheiam-nas com “alface, tomate, cenoura ralada e couve roxa ripada” por cima e por baixo do “fiambre com baixo teor de gordura e sal, preferencialmente de aves”. Atenção!: nem pensar em “molhos, designadamente ketchup, maionese ou mostarda.”
Agora a sério:
— merece aplauso esta preocupação das autoridades escolares com a qualidade da comida nas nossas escolas e com os problemas de obesidade infantil e juvenil;
— não merece aplauso nenhum esta fúria regulamentadora, feita por rebanhos de burocratas inúteis instalados em Lisboa, que se julgam capazes de prever tudo e de mandar em tudo;
— estas matérias há muito que deviam ter sido deixadas ao auto-governo das comunidades, às autarquias e às direcções das escolas;
— despachos como este só têm uma utilidade: dão matéria para memes e gozo nas redes sociais.
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