Os morcegos praxistas*

* Hoje no Jornal do Centro aqui


1. Nos dias a seguir à sua colocação nas universidades e politécnicos, os caloiros têm dois problemas para resolver: arranjar onde ficar e aturar morcegos praxistas.

Já se sabia que ia ser especialmente complicado arranjar casa este ano. É que não há muitas disponíveis com um bom espaço interior, que tenham varandas (importantes nos confinamentos), que fiquem perto da escola (para evitar a sardinha-em-lata dos transportes públicos) e a um preço acessível.

Se o problema da casa era, e é, uma dor-de-cabeça, o das praxes parecia resolvido à partida. Como o SARS-CoV-2 impõe distanciamento físico, não é preciso ser uma dra. Graça Freitas para perceber que fazer praxes agora é ainda mais estúpido do que o costume.

Os “veteranorums” do Minho, Porto, Aveiro, Lisboa e Évora decidiram que este ano não-há-praxes-pra-ninguém, mas os “dinossaurums” coimbrinhas querem fazê-las. Acham que o risco de infecção pode ser controlado com máscaras e, imagina-se, vasilhas diversificadas para o álcool de beber e o álcool de desinfectar. Que tenha dado conta, o reitor daquela universidade ainda não pôs um ponto de ordem naquela aberração.   


Fotografia Olho de Gato

2. Por Viseu, o sempre atento Jornal do Centro escreveu esta semana três notícias, em três dias seguidos, sobre praxes na cidade:

em 28 de Setembro, este jornal contou-nos que Mike Fernandes, o “dinossaurum-chefe”, queria “praxes presenciais” ao “ar livre”, com “distanciamento de dois metros” e com uma “folha extra” (sic) para “apontar e verificar os sintomas de toda a gente” (sic);

em 29 de Setembro, o jornal informou-nos que o Politécnico de Viseu proibiu as praxes devido ao perigo de contágio e que o seu presidente, João Monney Paiva, reprova “quaisquer práticas humilhantes, que fazem uso abusivo de uma relação de poder baseada na antiguidade”; 

em 30 de Setembro, deu-nos conta que os “veteranorums”, perante a posição do PV, desistiam das praxes presenciais e apostavam nas virtuais.

É verdade que o vírus não se transmite em bits e em bytes, nem tão pouco em gigas ou terabytes, contudo mesmo online os caloiros correm riscos. É que  tudo o que “cai” na internet é inapagável. Tenham muito cuidado com as “cenas” que gravam ou publicam. 

Não era melhor os “dinossaurums-veteranorums” irem praxar a tia deles?

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