Repetições*

* Hoje no Jornal do Centro


1. Na Rádio Jornal do Centro perguntaram-me como é que eu fazia para arranjar assunto para aqui todas as semanas. A pergunta foi límpida mas a resposta nem por isso: lá gaguejei que, por vezes, repito algoritmos.

É verdade: uma vez por outra regresso ao mesmo assunto, como aconteceu na semana passada com a eutanásia, e farto-me de repetir conclusões, raciocínios, opiniões. Será que esta repetição se está a tornar chata? Não sei.

Sei que vou continuar a usar o método de Norberto Bobbio: escolher uma parte e, depois dessa escolha feita, exercer o juízo crítico com severidade, especialmente com a minha parte.

Sei que vou continuar a defender a liberdade em geral e a liberdade de expressão em particular, a alertar para os perigos dos tribalismos identitários de esquerda e de direita, a defender a “Europa”, a tentar olhar para fora do umbigo ocidental, a repudiar o centralismo alfacinha, a descrever a mediocridade dos aparelhos partidários em geral e do meu partido, o PS-Viseu, em particular.


2. O novo governo espanhol quer penalizar as “apologias do franquismo”. Não surpreende: a dupla Sánchez/Iglesias vai usar tudo o que puder para embaraçar a direita.

Só que, infelizmente, esta moda que quer, por tudo e por nada, atirar o código penal contra os ditos “discursos de ódio” é errada e contraproducente. É errada porque um mau argumento combate-se com um bom argumento e é contraproducente porque tentar censurar más ideias só serve para lhes dar visibilidade e torná-las um “fruto proibido”.


Imagem daqui
No início da primeira geringonça, a CIG - Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género fez algumas asneiras na área da liberdade de expressão, a pior de todas foi ter censurado uns livrinhos infantis da Porto Editora.

Agora, na segunda geringonça, era bom que a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, depois de ter recebido 58 denúncias de um texto execrável de André Ventura, evitasse repetir as pulsões censóricas da CIG. É asneira fazer do deputado/comentador uma “vítima do sistema”.

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